sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Argumentos da insônia

Confesso que estou ficando velho. Basta dizer que, o sono, que antes me vinha franco e generoso, ora sonega-me a sua essência regeneradora, deixando-me insone a percorrer por lembranças que julgava mortas, numa velocidade incrível (talvez, maior que a velocidade da luz). Por conta disto, até poesia sobre o tema já fiz. Pois que vejam, se não acreditam:


Argumentos da insônia



Admito que por vezes
É melhor não darmos crédito...
Duvidarmos até do óbvio...,
Servem-nos de lenitivo.
Impossível acreditar,
Não sentires:
O peso do meu olhar...
A dimensão exata do meu desejo.
Haverás, sim, de notar:
Minhas momices. meus gracejos,
- Meninice temporã de homem feito.
Se é certo, quem sabe? Não sei...
Ninguém sabe..., é meu pensar:
- Servem apenas de lenitivo.
Assim me deito...
Assim sonho.
Adormeço; mas, não de pronto!
Enfim, adormeço... ... ...



Natal-RN, 31 de Janeiro de 2007.
Gibson Azevedo - poeta

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Noite de Festa

Mais uma coisinha antiga para o deleite dos caríssimos leitores:

Bebemos muito, numa passagem de um ano em casa de parentes diletos. E no decorrer da festança, perdemos a noção do tempo e do ridículo, pois já tínhamos a presença dos primeiros raios solares do primeiro dia do ano, sem que, nós, retardatários, notássemos a necessidade urgente de recolhermo-nos às nossas casas, Era uma maratona sem vencedores, pois não sabíamos o que disputávamos. Beber por beber, ora bolas! Como de costume, nestas ocasiões, não existia mais no adiantado das horas, seriedade nos assuntos. E a pieguice dava a tônica às conversas.
Lá pras tantas, um dos sujeitos mais encharcados que os demais, ilustrando seus comentários, citou um dos Papas da igreja católica, sendo, de imediato, confundido com uma figura menor, pra não dizer vulgar, militante na política de nossa cidade. Esta foi a “deixa”, que aproveitamos de chofre, para encerrarmos aquela reunião interminável.
Como aquelas bizarras lembranças, insistiam em permanecer bem vivas em minha memória, resolvi documentá-las em forma de sátira:


Noite de festa

Já deviam processar
E no embalo julgar...
Um bêbado, porque falou;
Respondendo outro zurrou...
Também merecia o castigo,
Por discordar do amigo
E não cometer o engano,
De mexer com o Vaticano,
Com os Bispos e os Cardeais
E com muitos outros mais...

Falavam de coisa à toa...
Quase sempre de mulher boa;
Das coisas novas e antigas...,
Das discussões e das brigas
De galo e do futebol.
Fazendo fita e farol,
Com um linguajar rebuscado,
Tendo o Papa Pio, citado,
Interpelaram ligeiro:
Que Pio? Pio Marinheiro?



Natal-RN, Jan. de 2001.
Gibson Azevedo - poeta

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Trova dedicada ao dia dos pais.

Genuflexo, faço este pequeno mimo ao meu velho, neste seu dia (09/08/2009), e, nas alturas dos seus oitenta e cinco anos. Este Senhor é dono do meu bem-querer, que transcenderá, decerto, para bem além da vida!...

É bom seguirmos conselhos...
Venerandos..., anscestrais;
Refletirmos, como espelhos,
A vida dos nossos Pais!

(Gibson Azevedo - poeta).
Natal-RN, 07/Agos./2009.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Homenagem a Givaldo

Participo com muito gosto do Sarau lítero-cultural na sede do Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Norte, onde se apresentam poetas, escritores, repentistas e performáticos em geral. Esses encontros têm como finalidade precípua, a fomentação e descoberta de novas vocações e expressões culturais. Naquele local tudo é feito às claras, sem visar-se qualquer auto-realce ou destaque e sem amealhar, à solerte, alguma soma. Tais reuniões acontecem, à noitinha, nas duas primeiras quartas feiras de cada mês. Por vezes, algumas palestras são proferidas por pessoas de relevância na nossa sociedade, quando, a critério do palestrante, vários assuntos são abordados.

Há coisa de quinze dias tivemos a honra de receber o renomado Cirurgião Dentista, o Dr. Givaldo Soares, que, com contagiante simplicidade, tratou de duas paixões brasileiras que se interligam: o Futebol e a Música; objetivamente, desde os primeiros anos do século vinte, até a conquista do nosso primeiro Mundial de futebol. (Isto, nos idos de mil novecentos e cinqüenta e oito.) O assunto é, para nós, apaixonante!... Somente sendo brasileiro para sentir, a demasia da paixão do nosso povo por este amado esporte, e a nossa, não menos amada, música popular. Essas paixões se completam..., e se entrelaçam como se fizessem parte de um só corpo. Poucos povos possuem estas singulares características.

O Dr. Givaldo Soares houve-se muito bem; sendo, por muitos, saudado ao término de sua prédica. De minha parte, dediquei-lhe um poema que havia concebido já há alguns anos. Contudo, achei oportuno fazê-lo naquele momento: votá-lo a uma pessoa por quem tenho grande amizade e pura admiração. Trata-se de uma mistura de sentimentos na organização concreta do ser humano, a partir de coisa(s) inanimada(s):

As pedras


As pedras que rolam no leito,

São as mesmas que endurecem o peito

E são as que do mesmo jeito, rolam no eito...

Palmilham-nas pés andarilhos, nus, com algum defeito;

Agregam-se, atraem-se, dão forma ao que está feito;

Formam os sonhos, talvez insanos, em um sono rarefeito!...

Natal-RN,/Dez./1998 (Gibson Azevedo – Poeta)

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