segunda-feira, 21 de junho de 2010

O bom humor ajuda a viver


(Coisa antiga...)

A natureza nos propicia a satisfação de convivermos com pessoas inteligentes na sua simplicidade de ser, que, por possuírem uma alma inquieta, criam, sem promoverem reais prejuízos a quem quer que seja, situações jocosas com a genialidade dos puros de sentimentos; seres que vivem para descontrair as tensões individuais e coletivas na sequência implacável dos tempos.
* * *
Confirmando o exposto, tomamos conhecimento através do amigo Jair Diógenes, numa conversa informal, da existência de uma figura maior, já falecida; um ex-funcionário do Banco do Nordeste do Brasil, o Sr. Rômulo da Fonseca Miranda - conhecido entre os colegas mais íntimos, como: Rômulo "minha gata". Sujeito espirituoso e bem-humorado, possuía, além destas qualidades, a virtude de ser poeta; e as suas rimas trocistas, colocavam a nu nossas aberrações, que abeiravam-se do ridículo, trajando-nos, por instantes, com as cores berrantes dos palhaços.

Na agência de Natal, Rômulo foi contemporâneo de Rivaldo Lopes dos Santos; indivíduo medroso, temia, constante e perniciosamente, que algum dia, por algum motivo, viesse a ser demitido do seu trabalho. Era um homem muito nervoso que os colegas taxavam de doido. Assim, gratuitamente! Ademais, sentia-se injuriado quando chamavam-no pelo apelido de “Bode Rouco”. Ficava possesso! Destrambelhava, de vez!

Houve por esta época, um período no qual o Sr. Rivaldo ausentou-se do trabalho, pois encontrava-se doente; ausência que motivou insinuações, por parte de alguns colegas, de que este estava fazendo corpo mole - de malandragem com o serviço.
Rômulo "minha gata" fez circular, por toda à agência, um requerimento em forma de verso, de Rivaldo ao seu chefe, o Sr. Deca ( José Alberto Ribeiro).

"Seu Deca vá desculpando
Os dias que estive ausente;
Não foi por malandragem,
Estava mesmo doente.
Se o Sr. não desculpar,
Me demito, fico louco...
Aqui pede deferimento:
Seu amigo, "o Bode Rouco"!

É desnecessário dizer, do tempo que fechou-se no pacato local de trabalho. Por pouco – dizem - não houve inquérito administrativo para apurar a autoria do inesperado e incômodo requerimento.

Caiu no esquecimento, todavia...
* * *

Nos idos dos anos sessenta, Rômulo "minha gata" foi destacado para a cidade de Angicos-RN, para ajudar na instalação da Agência bancária naquele pequeno lugarejo. Assim dizia Jair:
- Olhe amigos! Angicos, ainda hoje é uma bosta! Imagine naqueles tempos!

Rômulo não queria fazer tal sacrifício, sob nenhum pretexto; e para lá deslocou-se, somente depois da solene promessa dos superiores, que assegurava: "com uma semana, no mais tardar, estaria de volta à Natal". O tempo foi passando..., passando..., corroendo sua paciência, para finalmente, ao cabo de seis meses, sair daquele antro de atraso e ignorância. Não, sem antes deixar pregada na mesa da gerência, esta impagável quadrinha:

"Que os malditos urubus,
Me caguem com seus cus
E me belisquem com seus bicos,
Se algum dia eu voltar à Angicos!"


Praguejava a si mesmo! Eita!

Natal-RN, 03 de julho de 2003. Gibson Azevedo da Costa.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O valor de amizade




Eu tenho um grande amigo de qualidades invulgares, que, mesmo eu não professando a doutrina espírita, considero-o um espírito iluminado, com uma enorme aura escancarada à visão dos mais sensíveis, que com ele mantém algum tipo de contato. Refiro-me ao Dr. Reinaldo Azevedo, Cirurgião Dentista com doutorado em saúde pública; portanto, dispensável, é, enaltecê-lo nesta área. Além disto é um excelente músico, exímio instrumentista; encabeça há uns vinte e tantos anos a “Banda dos Anos Sessenta”, grupo musical de comprovado sucesso. Nas artes plásticas nos surpreende, sobremaneira, trilhando-as por alguns dos seus vários caminhos, como: a escultura, a pintura, a gravura, pirogravuras, etc. É um chargista com pouquíssimos concorrentes, dado a perfeição dos seus trabalhos. É um colecionador perfeccionista, renovando, dando vida e verniz novo a muitos objetos que ofuscaram-se ou perderam-se nas voltas do tempo e caíram no esquecimento de dias pretéritos.
Entretanto, não se questiona, que a maior qualidade do amigo Reinaldo seja a sua vontade de servir ao próximo, ser solidário e amigo nos momentos mais adversos e inesperados. Seu maior compromisso é conosco: os seres humanos. Sempre pronto a ajudar com a verve de sua arte, não furtou-se em decorar, com um pequeno painel de charge, a nova pintura de um simpaticíssimo reduto boêmio desta Natal de mil poetas: o bar do Mário Barbosa – ambiência localizada no começo do altiplano que dá forma ao tradicionalíssimo bairro do Barro vermelho. Bravo! Limpo e honesto é o seu traço! Retrata a vida com os defeitos e virtudes que conhecemos. E note-se: gostamos de muito rir de nos mesmos! Nada mais humano...
* * *
Décima poética em homenagem à inauguração do painel de charge, do grande artista plástico Reinaldo Azevedo, no “charmosíssimo” e boêmio Bar do Mário Barbosa:

“É do Reinaldo Azevedo:
O painel a retratar,
Essa fauna elementar,
Com traços de meter medo...
Foi feliz no arremedo,
Nas charges, caricaturas...
Que foi fazendo, às escuras...,
Foi retirando do armário,
Figuras do bar do Mário
E colocando em molduras!”

Natal-RN,05 /Junho/2010 (Gibson Azevedo – poeta.)

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Homem buchudo e pequeno...


(Mais uma fescenina)

Certa feita, em um dos recantos boêmio da nossa amada Urbe, encontrei-me com dois diletos amigos que há dias sentia as suas faltas (ausências). Lembro-me da alegria daquele encontro... O Carmelo Meira, muito falante e adepto de uma troça, brincava com desenvoltura com os amigos e confrades, companheiros. Sapecava, sempre que achava oportuno, uma piada ou um chiste grosseiro, mesmo com a melhor das intensões. Nunca por maldade. Somente com o intuito de movimentar àquele encontro de velhos conhecidos. Tudo pelo prazer da amizade. Pura afeição!
Eis que chega o Eromar Sátiro, adentrando ao recinto com o seu jeitão de Monsenhor (clérigo babão e piniqueiro de Bispo), com um sincero sorriso ao saudar os amigos.
Ali mesmo, naquele instante, Carmelo oferece-nos uma frase lapidar da sua verve provocativa: “Homem buchudo e pequeno, só serve pra tamborete!” Referia-se aos aspectos – dotes físicos - daquele nosso querido companheiro. Foi uma galhofa só! Ocasião na qual, eu, desavergonhadamente confesso, tomei posse da pseudo assertiva, usando-a como mote e carinhosamente glosei:



Mote:
Homem buchudo e pequeno
Só serve pra tamborete!

Glosa:
Sendo Eromar ou "Heleno",
De perna torta, em cambito,
Dão razão ao velho dito:
"Homem buchudo e pequeno..."
Se parece, que só vendo,
C'um mau-cagado tolete...
Alem de entregar bilhete,
Cheirar bufa em cabaré,
De puta, é garachué,
“Só serve pra tamborete!”


Natal-RN, 19/Jul./2004. Gibson Azevedo - Poeta
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