sábado, 24 de dezembro de 2011

Nota de falecimento.



Nota de falecimento:
                              Muito triste e constrangido, devo publicar o falecimento da minha cunhada Eurilene Santana Balbi, hoje, pela manha, na Casa de Saúde São Lucas. Desde já, a família agradece a todas as orações feitas na intenção da sua recuperação. Hoje, 24 de dezembro, temos a certeza do seu reencontro com o nosso criador.
 
                              Natal-RN, 24 de dezembro de 2011.
                                     Gibson Azevedo da Costa.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Melhor que não foi um político... Melhor que escolheram um poeta!

                                          Melhor que não foi um político...
                                            Melhor que escolheram um poeta!


Poeta e pintor Newton Navarro
Igreja da Redinha - feita de pedras
                                         Certa feita eu entrei em um bar da cidade alta, à Rua Princesa Isabel, este, que ficava em frente à antiga Copiadora Central, era uma construção rústica, talvez de uma Natal dos fins do século dezenove, onde as paredes, até a da fachada, eram feitas de pau-a-pique – taipa.  Telhado em telhas-vãs no qual se viam as sinuosidades dos caibros grosseiros, sem acabamento, ambos escurecidos pelo tempo ou por conta dalguma picumã vazada da cozinha ao longo dos tempos, pelas aberturas das meias-paredes, comuns àquele tipo de habitação. Aquela construção antiga e acanhada, de portas baixas e pintada à cal, era relativamente arejada e fresca devido a altura da  sua cumeeira e a franquia gostosa dos frechais à passagem sonora dos ventos.  Velhas mesas e cadeiras, um balcão refrigerado e umas poucas prateleiras com bebidas diversas formavam, a grosso modo, o mobiliário do cômodo de entrada daquele que era, sem dúvida, um dos recantos boêmio de uma cidade que teimava em ainda guardar resquícios pitorescos dos seus tempos de província. Nem lembro porque adentrei ao recinto. Talvez, para comprar cigarros... O fato é que deparei-me, naquele começo de tarde, com dois indivíduos de meia idade que bebericavam em uma das mesas. Fumavam. Um deles eu conhecia, desde os meus tempos de adolescente na cidade de Caicó. Era Newton Navarro. (O mesmo artista plástico que eu vi, pelas brechas do tapume, pintar o bonito painel das futuras Instalações do Banco do Rio Grande do Norte, daquela cidade. Gostava de pintar à noite, movido a muitas e generosas doses de uísque escocês.)  Conversavam amenidades naquele papo de quem bebe. O outro, um sujeito bronco de poucos recursos intelectuais dizia à larga, como se entendesse, que não considerava Newton um poeta, porque seus versos não rimavam e nem ele os fazia de improviso. "Pintor? Vá lá!..." – dizia, o falaz energúmeno. Lembro que o poeta só fazia rir. Divertia-se, talvez, com tamanha burrice. Vê-se muito dessas coisas em boteco. É o espaço mais democrático que o ser humano conhece: o dos botequins. Ali, toda loucura é ouvida e poucas vezes contestada. E quando algum contra-argumento se apresenta, em contenda, na maioria das vezes não é levado a sério. “E fica o dito pelo não dito”.
Agência do Banco do Rio grande do Norte em Caicó
                            Newton Navarro no seu livro de Crônicas poéticas, “Do outro lado do Rio, entre os morros”, fez uma declaração de amor ao cenário mítico dos veraneios da sua mais tenra mocidade, guardando em um luzir fabuloso da memória todos os homens e mulheres, os mais humildes, daquela antiga aldeia de pescadores. Guardou-os, por inteiro... Com suas manias, riquezas de costumes, tradições herdadas de além mar; seus bêbados, seus valentes e seus saltimbancos. Suas mulheres..., matronas brejeiras, descendentes diretas dos ancestrais potiguares. Fez menções ao homem e aos bichos, no contesto natural marinho daquele lugarejo praiano e, ao seu ecossistema ainda primitivo de plantas cheirosas e de frutos comestíveis. Disse o poeta, em uma dessas suas crônicas:
                                 
Livro do poeta Newton Navarro
                              “... Falar desse tempo, seria encher as folhas de um caderno maior. Lembrar os natais, a ceia festiva, os doces que minha tia Idália fazia como nenhuma outra dona de casa, os banhos de mar, piqueniques no Rio Doce, festas de padroeira, o empinar de corujas, o bumba-meu-boi dançando no terreiro da casa, o sabor da vida que era tão igual ao dos cajus maduros que colhíamos entre as brisas do entardecer.”
                                     “Como no retrato de Itabira, do poeta Drummond, essas lembranças doem.”
                                   “E assim, nos afastamos da casa...”
                                          Na inauguração de uma belíssima ponte que liga a cidade de Natal à sua amada Redinha e as praias do litoral norte, tiveram, nossos gestores, a decência  - coisa rara - de escolher o nome do nosso poeta Newton Navarro para batizar àquela obra. Nada mais justo!
Ponte Newton Navarro - vista da Getúlio Vargas
                                    

                    Que bom, que temos o nome deste nosso querido poeta bem à saída da “Boca da Barra”!
                         
                     Ainda bem, que não escolheram um político!... Arre!



P. Newton Navarro e Redinha - Visão aérea.

                      
        Natal-RN, 20 de Dezembro de 2011.
              Gibson Azevedo – poeta.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Eu não troco meu Oxente, pelo OK de ninguém!


Ariano Suassuna


                            Existe um assunto que está fazendo o maior sucesso atualmente em alguns Sites e Blogs, os mais acessados. Caiu na graça (gosto, preferência) do povo. Trata-se de uma frase que o decano, o intelectual de louvável cerne nativista, Ariano Suassuna proferiu, entre muitas de excepcional sabedoria que o mesmo enuncia nas suas “aulas espetáculo”, que acontecem sempre muito concorridas por todo o território deste “Brasil sem porteiras”. Por ter nascido na Paraíba e educado em Pernambuco onde mora até hoje, mantém-se fiel às nossas manifestações culturais, aos costumes, mesmos os mais arcaicos que dizem respeito as nossas raízes, dos primórdios da nossa Nação. Até os valores dos nossos ancestrais indígenas tem a simpatia deste grande homem de letras. Ele não é, como diz sempre, contra a cultura estrangeira que venha somar beneficamente valores ao nosso patrimônio cultural. Ele abomina sim, aos modismos deletérios que nos apequenam, intencionalmente, ante outros povos sem escrúpulos, tanto no nosso idioma como nos nossos costumes. Em outras palavras, trejeitos alienígenas que nos descaracterizam.   Pois bem, numa destas oportunidades o velho Ariano disse orgulhosamente: “Eu não troco o meu Oxente, pelo o Ok de Ninguém!”
                   Aqui, na minha modesta condição de humilde poeta, cuidei oportuno glosar usando o espontâneo mote. Observem:

Mote:
             Eu não troco o meu “oxente”
             Pelo o “Ok” de Ninguém
Glosa:
             Só se eu fosse um demente,
             Metido à besta, um frescote...
             Mesmo lanhado a chicote 
             Eu não troco o meu “oxente”.
             Sou um homem diferente,
             Nem a tudo digo amém...
             Ouço com muito desdém ,
             Um falar desaprumado...
             Não vou ser apalermado
             Pelo o “OK” de ninguém!


                  Natal-RN, 12/dez./ 2011.
                          Gibson Azevedo – poeta.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Veióbas tomam Viagra.


                                                                           “Veióbas” tomam Viagra


                     Caríssimos leitores há poucos dias em uma visita, numa de muitas e que sempre faço, ao interessantíssimo blog Bardeferreirinha de responsabilidade editorial dos irmãos Roberto Fontes e Clóvis Pituleira, deparei- me com a inusitada notícia que levava o título de: “O pulso ainda pulsa”. Notícia advinda da rádio FM 104 de Sousa-PB, na qual o repórter Ademar Nonato abordou o fato de alguns idosos do distrito de São Gonçalo – zona rural daquele município –, estarem fazendo uso do medicamento afrodisíaco  de nome Viagra, com o intuito de, na maior desfaçatez, namorarem com as jumentinhas daquela localidade. Dizia o citado repórter, que já haviam acontecido alguns flagras de indecorosas cópulas de idosos com os inocentes animais. Este é um assunto para estudo na esfera social, na busca de uma melhor e mais justa interpretação do código penal, para ver se esses infratores dos bons costumes ainda estão sujeitos a algum tipo de sanção, alguma reprimenda. Ou talvez,  a possibilidade de punir os farmacêuticos ou balconistas de farmácias que estão fornecendo os famigerados comprimidos aos  referidos "Varões da terceira idade".
                   


               Bem, diante do hilário da citada notícia, puxei da minha veia poética e tasquei o verbo com a seguinte glosa, já que o próprio sub-título da notícia “Idosos tomam Viagra / Pra namorar com as jumentas”, é um mote  em setissílabo perfeito.  Ei-la:




Mote:
             Idosos tomam Viagra
             Pra namorar com as jumentas.
 Glosa:
             O velho rádio consagra,
             Entabocando malícia,
             É esquisita a notícia:
             Idosos tomam Viagra!
             Pegaram os velhos, no flagra,
             Com as vergonhas sedentas...
             Zurrando tesão nas ventas
             E um grande amor jurando,
             Dando coice e esquipando,
             Pra namorar com as jumentas!!!


                                         Natal-RN 07/ dez. / 20011.
                                           Gibson Azevedo – poeta.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sucesso da evolução.


                                                       Sucesso da evolução


                      Dentre os muitos seres vivos que ainda continuam conosco e outros tantos que sumiram na extinção, existem os que, segundo alguns biólogos, guardam origens pré-históricas e são os que mais têm em comum com os dinossauros. Estes animais aos quais me refiro, são os galináceos, tão comuns nos círculos de bichos domésticos e convivem com o homem desde os primórdios da humanidade. Este animal deixou de ser selvagem graças à interferência humana no seu habitat natural, condicionando-os a uma  vida conosco parcialmente comensal.Na evolução natural eles se tornaram dóceis – com exceção das raças de briga – e, como se reproduzem abundantemente, passaram a fazer parte da dieta alimentar dos nossos antepassados, até a consagração nos dias atuais como alimento de  origem animal de primeira escolha.

A minha origem é sertaneja e, quando menino, a minha vida se dividiu entre a pequena cidade e o campo.  Devido a isto, conheço com certa facilidade a flora e fauna silvestre do semi-árido do nordeste brasileiro. Conheço a fauna silvestre e a doméstica, tão importantes na sobrevivência do homem nos lugares ermos, de relativas lonjuras dos pequenos arruados e também das maiores concentrações populacionais. Não se concebe uma dicotomia entre a população campesina e estes animais. Uns se “interfazem” com os outros, como nos aconselham as leis naturais. Na natureza nós todos nos completamos.
Foguinho no seu difícil labor de viver.

          Em alguns casos existe uma amizade entre nós. É o caso de Foguinho, um galinho de estimação que criamos, já há quatro anos, no quintal da nossa casa. A depender de mim, ele vai morrer de velho! Não sou adepto do canibalismo e, no caso de Foguinho, seria como se fôssemos, se, por algum motivo, viéssemos a devorá-lo. Na minha feira semanal, o que primeiro vem à lembrança é o saco de milho que tenho de comprar, em atenção àquele amigo. Aprendi a gostar dele... Desde ele jovem, quando chegou ao nosso galinheiro, logo nos primeiros dias ouvi, à madrugada, umas pancadas peitorais num aplauso de asas e..., talvez, o seu primeiro canto. A partir de então, de hora em hora, todos os dias, aos primeiros albores da madrugada, lá está o possante canto de Foguinho a embalar os resquícios de sono matinais da minha família e de gentes da vizinhança. Isto não tem preço... Faz parte do espetáculo da natureza e eu não pretendo perder nenhum ato. Quero, com sensibilidade, estar presente em todos eles.
Aqui o velho Fogo a nos observar
        
                Existem, entretanto, outros tipos de relacionamentos humanos com estes animais. É o caso de Velhinho, um Senhor que era casado com minha tia Otilda, portanto meu tio afim (os dois já falecidos), que sendo um homem muito espirituoso, algumas vezes aparecia com umas ideias inusitadas. O seu aguçado humor lhe sugeriu, certa vez, de por de molho (imersão) um quilo de milho em um litro de álcool, durante uns bons pares de horas. Até aí, tudo bem: era só uma ideia maluca. O fato é que vizinho a sua Mercearia, ficava a Usina de Força e Luz do município de Jardim do Seridó-RN, e a mulher do encarregado daquela entidade, a Dona Santina, criava, à solta, uma boa quantidade de galinhas. Ora, logo às primeiras horas da tarde, ele, na sua premeditada pantomima, sorrateiramente, instava as penosas a comerem os grãos de milho embebidos em álcool, que ele fartamente lhes oferecia: “Tchim, tchim, tchim, venha quí! tchimmmm!!!” Passados alguns minutos, o efeito daquela carraspana involuntária era constatado facilmente. As galinhas davam um passo para frente, dois para trás, um de lado e caíam. O galo, fogoso como ele só, quando tentava cobrir alguma fêmea, depois de com algum esforço subir na dita cuja, despencava daquela altura batendo com a cabeça no chão, muito surpreso, com os olhos arregalados, sem saber o que podia estar acontecendo...  Isto era uma maravilha para Velhinho e uma cambada de amigos e fregueses, sabedores daquela artimanha. Gargalhavam a valer!...
                      A Dona Santina, inocente, perguntava: -“Qué quessas galinhas têm, Seu Véim?” 
                    “Sei não, cumade Santina. Parece quelas tão doentes... Será da água???" – Respondeu com cinismo, para o deleite dos presentes, o citado arteiro.

                     Conheci na época que moramos na cidade de Caicó-RN, década de sessenta,  um cidadão que pertencia a uma honrada família antiga daquela região e que atendia pelo vulgo de Marujo. Isto se devia ao fato dele haver sido, em certa época de sua vida, Sargento da Marinha do Brasil, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Marujo vivia embriagado... Lembro dele todo babado, agarrado a uma parede, já perto de sua casa, chamando a sua irmã para vir buscá-lo. Dizia: “Bola, venha me buscar!!!”  A irmã, constrangida, assim mesmo corria a ajudá-lo encontrar o caminho de casa. Pois bem, soube, naqueles meus dias da infância, que o bêbado Marujo foi expulso, com desonra, da nossa augusta Força Náutica, porque ele e alguns colegas de farda, sob um forte efeito etílico, obrigaram, de arma em punho, um padre católico a batizar um galo com o nome de João. Alegavam uma grande amizade com o galinho, para exigirem, para ele, aquele citado Sacramento. E ai do padre, se não obedecesse!...

                    
                      Natal-RN 30 de novembro de 2011.
                            Gibson Azevedo da Costa.
                              

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Tributo a Joaquim Guilherme


                 


                            Recebi recentemente, do amigo colega e parente Reinaldo Azevedo, um pequeno artigo feito por ele no qual faz um justo tributo a um ex-professor nosso, falecido há poucos dias. Fiquei emocionado com o depoimento deste querido amigo, até porque, já conhecia parte da história. É tanto, que, pedi a sua permissão para publicá-lo, na íntegra, aqui neste modesto espaço  do “Pouso da Verdade”, coisa que agora faço com muita honra e satisfação:

 TRIBUTO A JOAQUIM GUILHERME “GUI”
                       
Professor Joaquim Guilherme
                       Certa manhã, quando, no curso básico da área biomédica, eu assistia a uma aula na disciplina de Anatomia, no anatômico (laboratório de anatomia humana) da antiga Faculdade de Medicina; eu que já era um conhecido desenhista profissional, trabalhava como “free-lancer” para algumas gráficas de Natal e também nos Diários associados, talvez por isso, um professor assistente instou-me com a devida insistência, para que eu caricaturasse a figura de um dos professores titulares daquela disciplina.  Este docente se por um lado era um cara narcisista, muito vaidoso, também era portador de uma acentuada calvície, pouco disfarçada por alguns escassos fios de cabelos tomados emprestados de outros pontos da cabeça. Penugens grisalhas pobremente dissimuladas, criteriosamente tingidas de preto.
                    Deu-se que, quase ao término da bendita – ou maldita – aula, o encomendado papelucho com a fatal caricatura, foi parar nas mãos do aludido professor, vítima-alvo do meu escrachado desenho, prenhe de deboche, rabiscado no transcorrer da exposição daquele esquentado lecionador.
                    Desapontado com tal fato, lívido de raiva, dirigiu-se a mim e ruidosamente esbravejou: “já que você, Reinaldo, fez a minha caricatura nessa aula, até o final do curso eu farei a sua caveira!!!!”
                    Que coisa mais tétrica? Uiiiii!!!!!!
A partir daquele fato fui marcado sob pressão constante durante aquelas temíveis Gincanas  de Anatomia, e o resultado daquela fúria de “vindita”, não foi outra senão, a minha reprovação por  falta de alguns poucos décimos.  Creio que ele julgou-se satisfeito, pois na repetência, no ano seguinte, fui aprovado com excelentes notas.
Reinaldo, sua guitarra e seus desenhos
                   Quando finalmente ingressei no Curso Profissionalizante em Odontologia, a primeira aula que assisti foi na disciplina de Escultura Dentária, ainda no campo da anatomia – anatomia dental, como também era chamada - cujo titular era o grande, o famosíssimo  e irreverente Professor Joaquim Guilherme. Um deus na sua Cátedra! Na verdade, ele já havia tomado conhecimento da inusitada e injusta pena a mim imposta pelo Lente cáustico e esquentado, que de maus bofes, era lento e pobre no humor. Pois bem, nesta primeira aula do curso profissionalizante, em alto e agudo som, apontando o dedo indicador para mim, o experiente homem de cátedra,  professou humildemente a sua  casta vocação de  bem ensinar, ao  vaticinar com  ênfase diante todos os alunos presentes: “Seu sacana, já que você foi reprovado por ter feito uma caricatura de um professor de merda, ouça agora:  se não fizer a minha, aí é que comigo você se fode!!!”
                   A turma toda foi ao delírio com gritos e aplausos, e as lágrimas, inevitavelmente, transbordaram honestas em meu rosto. Aquele gesto, aquelas palavras vieram no momento oportuno através da sapiência e da humildade de um verdadeiro Mestre. Mestre com “M” maiúsculo, que soube, de fato, levantar a auto-estima e valorizar o talento incipiente de um aluno, incompreendido no gracejo da sua arte, ao abraçar com brandura a rebeldia própria dos calouros.
                Alguns anos depois, aquele mesmo Homem viria a ser o meu Padrinho de Formatura. E, de certa forma, jamais viria a imaginar que uma cópia daquele desenho, carinhosamente elaborado nos idos de 1974, eu ofereceria em mãos aos familiares do “VELHO GUÍ” agora, no momento da sua despedida desta ambiência para outro Plano de Deus.
 Reinaldo Azevêdo – CD
15/11/2011

P.S.: Um lembrete..., ou será um pedido?
                 Em Lá chegando, Velho Guí, não se esqueça de contar, para o Grande Mestre, aquelas picantes piadas de salão (de barbeiro) que tanto você gostava de ouvir e contar aqui no andar de baixo. Acho que, com este artifício, você pode até PASSAR POR MÉDIA!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O Cão "atenta"!


                                                                     O Cão “atenta”!



                                      “Atenta” mesmo!... Olhe que, basta você emitir uma opinião sincera, por mais insignificante que possa parecer, para acontecer o inesperado. Parece uma obra de conluio. Uma demonstração zombeteira de nossa pouca ou nenhuma capacidade de lograrmos êxito no comando do destino, sob o controle da nossa vontade. Para isto, basta procedermos com uma sincera ousadia, na confiança de termos o acaso do nosso lado e, consequentemente, para a nossa arcaica surpresa, o desfecho se fará breve e contrário ao que fora ingenuamente vislumbrado.
                                         Não posso reclamar em demasia, pois a história por mim escrita há alguns dias não se contradiz por inteiro...

Edison Peres no Bar de Lourival e no seu Trabalho
                                        Publiquei no meu blog “pouso da verdade”, uma matéria intitulada  - Peres – na qual, com muita justiça, homenageei o poeta popular e boêmio, o cidadão exemplar, o zeloso chefe de família, o angicano há muito radicado em Natal, Edison Peres, e que precocemente nos deixou. (Faleceu aos 58 anos em novembro de 1989). Fiz isto no dia 24 de outubro de dois mil e onze.  A surpresa veio-me no dia 14 de novembro de dois mil e onze. (Portanto, vinte e dois dias após). Estava naquele dia, à noitinha, no bar do Mário, quando chegou o amigo Leonardo Sodré com um calhamaço debaixo do braço, e o distribuiu com os seus conhecidos na nossa mesa. Tratava-se do número mais recente do jornalzinho, quase um pasquim, chamado do “O botequeiro”. (Favor não confundir com boqueteiro!!!!!).  Este pequeno tabloide está na sua 11ª publicação e, segundo seus idealizadores, tem sido feito até agora uma distribuição gratuita de 10 mil exemplares - uma boa marca.  Lembram, os editores, que a sua leitura não é recomendada aos menores de 18 anos. Este veículo de informação destaca os bares, botecos e biroscas da nossa cidade, ou alguma manifestação cultural que de alguma forma se relaciona conosco - os natalenses. Destaca também os artistas da noite, poetas e afins, desta Taba de Poti ou dalgum lugarejo de relativas lonjuras de nós - xarias e canguleiros. Nesta recente edição, precisamente na 3ª página, vemos a fantástica reportagem que Joãozinho Dias fez com o impagável Edison Peres. Várias fotografias da época de convivência, deste, com os seus amigos e confrades, a recitar, decerto, a “Valsa fúnebre de Hermengarda”, coisa que ele fazia como poucos.  Ele dava um show de declamação, com a sua voz possante de Leiloeiro da Receita Federal, nesta joia boêmia da obra do grande poeta  alagoano Lêdo Ivo. No entanto, o que mais me surpreendeu foi que, encartada a esta reportagem, estava à citada glosa que eu julgava perdida: “Merda n’água não afunda/Nem nunca vai pra onde quer”. Fiquei impressionado pela rapidez que o acaso serviu-se no intuito de me corrigir, já que afirmei, com todas as letras, que esta poesia se havia perdido na poeira do tempo. Outra correção: “merda n’água não afunda”, é o primeiro, e não o segundo verso do mote.
                                        Sem mais delongas, eis a citada glosa na gostosa veia “pereseana”, de um poeta  pai-d'égua de  versos fescenino:

 Mote:
              Merda n’água não afunda,
              Nem nunca vai pra onde quer.

 Glosa:
              Nem a ciência profunda,
              Vem desmentir o que digo,
              Seja de rico ou mendigo,
              Merda n’água não afunda.
              Saindo de qualquer bunda,
              Mesmo de homem ou mulher,
              E num riacho qualquer,
              Você a depositando,
              Vai ver que ela sai boiando,
              Mas nunca vai pra onde quer.

                                          Natal-RN. Edison Peres - Poeta (in memoriam).



                                          Natal-RN, 17 de novembro de 2011.
                                                    Gibson Azevedo - poeta.




       
       

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Corroborando com "Os Nonatos".



                                  Recebi no dia 21 de janeiro 2009, pela primeira vez, um email do dileto amigo Antenir de Oliveira Neves, no qual estava encartado o poema popular - Martelo, para melhor entendimento -  da dupla Os Nonatos da cidade de Caicó-RN. (No Nordeste Brasileiro,nas feiras livres de suas cidades, ainda pululam uma grande quantidade de poetas populares. Alguns são talentosos , outros nem tanto...) Neves citava nesse email, que tinha um tio afim – o Viana –, que adorava este tipo de poesia e, que a esses dois poetas, julgava que ele aplaudiria de pé.
                                Recebi em datas mais recentes, emails com o mesmo conteúdo, dos amigos: Ozélio Azevedo, Janduy Azevedo, e, por último, Paulino Torrês. Bem, os decassílabos são muito bons, no entanto, em alguns não existem rimas. Ex.: Olivetti com internet; fez com 43; etc. Assim sendo, respondi ao email do amigo e os dos demais, com uma décima, também em martelo, e aproveitando o mesmo mote. Detalhe: Só usei duas palavras estrangeiras ligadas à informática: ”Internet e Web!”   
                                                                               


Escrever é um prazer fora de moda,
Essa escrita com papel e com caneta,
É passado do tempo da caderneta,
Tão antiga quanto à invenção da roda.
O que é novo, no entanto, incomoda:         
Veem-se tudo na “Web”, todo dia:
Logorreias, verborreias, sem valia...
Se eu pudesse, acabava no bufete:                      
O planeta movido a Internet,                                               
É escravo da tecnologia!
                             
          (Gibson Azevedo – poeta)22/01/2009


                                     Mote: O planeta movido a internet / É escravo da tecnologia
                                                     (Autoria de Os Nonatos – Caicó-RN)

O visor como tela de “TV”                                   
O teclado acessível como “book”                             
Pra maiúsculo ou minúsculo é “Caps look”            
Pra mandar imprimir é “Control  P”     
Com o micro “Samsung e LG”                                
E os programas que a “Apple” financia                  
A indústria da datilografia                                       
Nunca mais vai fazer máquina “Olivetti”         
E o planeta movido a Internet                                  
É escravo da tecnologia                                           

Quem se pluga em milésimo de segundo               
E se conecta ao portal e seus asseclas                    
Basta apenas tocar numa das teclas                      
Que o visor nos transporta a outros mundos           
Desde a terra dos solos mais fecundos                    
Ao espaço onde o vácuo se inicia                           
Quem formata depois cola, copia                            
E prende o Mundo na grade de um disquete           
O planeta movido a Internet                                    
É escravo da tecnologia                                           

A indústria se autodestruindo                                                                          
Descartou o “compacto”  e “LP”                            
Veio o surto, a febre do “CD”                                 
E  “DVD” mal chegou e já está saindo                   
“MD” não há mais ninguém pedindo                     
Numa “DAT” gravar ninguém confia             
Fita “BASF” tem pouca serventia                           
E ninguém quer mais um “Videocassete”             
E o Planeta movido a Internet                                  
É escravo da tecnologia 


Pra prever terremotos e tufões                                
Os sismógrafos têm número numa escala            
E o Trem-bala é veloz como uma bala           
Numa linha arrastando dez vagões                           
No Japão e na China as construções                       
Já suportam tremor e ventania                                
Torre, ponte, edifício, rodovia                                
São perfeitos do jeito da “maquete”                        
E o Planeta movido a Internet                                 
É escravo da tecnologia                                          

Nosso pouso na Lua foi suave                             
Um robô foi a Marte e se deu bem                        
Estão querendo ir ao Sol, mas o Sol tem             
De calor um problema muito grave                       
E a NASA não tem espaçonave                             
Que suporte essa carga de energia,                       
Se for feita de fibra, se desfia                                 
E de alumínio o monstrengo se derrete                 
O planeta movido a internet                                   
É escravo da tecnologia                                         
                                                                                 
"Motorola”trocou técnica e conselho                  
“Nokia” e “Siemens” galgaram patamares                
Já estão fora de moda os celulares                        
Que têm câmaras e visor infravermelho
Reduzindo o tamanho do aparelho                            
A “Pantech” fez mais do que devia                           
Que memória de um “chip” não podia                       
Ser mais grossa que a lâmina de um”Gillete”       
E o planeta movido a Internet                                             
É escravo da tecnologia.        

Brasilsat” é mais uma criação
Que nos nossos vizinhos deu insônia
O “SIVAM” espiona a Amazônia
Evitando que haja outro espião
É por via satélite a transmissão
Que não tem transmissão por outra via
Uma antena seqüestra a sintonia
Pra “DirecTV”, “Sky “e para “Net”
O planeta movido a Internet
É escravo da tecnologia

Transatlânticos no mar fazem cruzeiros
E pelos micros das multinacionais
Hoje tem conferências virtuais
Com os Executivos estrangeiros
O email é correio sem carteiros
Tanto guarda mensagem, como envia
Os robôs usam “Chip” e bateria
E “Videogame” é brinquedo de pivete
O planeta movido a Internet
É escravo da tecnologia

Cibernética na prática e no papel                                          
Deixam os seres “Online” e ganham IBOPE”
Com “Word” tem “Palm” e “Lap top”
E ainda mais “Power Point” e “Excel”
É possível quem mora em Israel
Pelo “Memssenger” teclar com a Bahia
Se os autômatos ganharem rebeldia
Tenho medo que a máquina nos “delete”
O planeta movido a Internet
É escravo da tecnologia

Hoje a “Bombardier” não fere as leis
E a “Embraer” mãe de “Sênecas“ e “Tucanos”
Invisíveis aos radares há dois anos 
Já existe avião que a “Sukhoi” fez  
É da “NASA” o XA-43
Que voando tem mais autonomia
Um piloto automático opera e guia
O “Airbus” e o 747
O planeta movido a Internet
É escravo da tecnologia









                              
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