segunda-feira, 25 de julho de 2011

Não foi pantagruélico, no entanto um grande festim.



         
                   Não foi pantagruélico, no entanto um grande festim!

                                

                              Faço aqui um parêntese na continuação da matéria “Comício de um certo Carvalho Neto”, para,  com justiça, relatar a viagem que fiz ao Seridó , minha terra, agora no período dos festejos de Nossa Senhora Sant’Ana, padroeira do sertão, quando participei da festa do reencontro dos ex-alunos do Colégio Diocesano Seridoense, em Caicó, educandário no qual conclui meu curso ginasial, há quarenta e três anos. Foi uma festa enorme, monumental!  Festa de seridoenses. Festa de “barriga cheia”, onde a tônica maior foi a emoção de rever velhos camaradas, mesmo testemunhando o estrago, o desastre, que o tempo implacável promove nos nossos arcabouços, patrimônios corporais, passado algumas décadas.  É uma festa onde os sentimentos que julgávamos sepultados, afloram à súbitas com uma pujança desmedida. Não dá para descrevê-los com fidelidade, só vivendo-os.
                              Participei também da festa de aniversário do Bar de Ferreirinha, comemorativa aos seus cinquenta e dois anos de atividades comerciais, e que, justiça seja feita, goza do reconhecimento dos caicoenses das mais variadas faixas etárias. Abracei a Vicente Ferreira, o orgulhoso e feliz anfitrião, em meu nome e em nome do meu pai, Ivan Alves da Costa, seu amigo há mais de oito décadas, fato que o deixou bastante emocionado. Revi e abracei velhos conhecidos, muitos deles julgava esquecidos na poeira da memória, e, para minha satisfação, bastaram poucas palavras para que a vivência de dias idos se fizesse sentir como se recentes fossem.  Faço aqui um agradecimento especial ao amigo Clóvis Pituleira e seu irmão Roberto Fontes, pelo reiterado convite para o meu comparecimento a estes festejos, feito em anos anteriores e talvez por enfado da preguiça, somente agora os atendi. Ficam aqui as minhas desculpas, prometendo voltar outras vezes ao vosso convívio. Deixo os meus sinceros agradecimentos ao amigo e hoteleiro Tarcísio Melo, pelo o afago da estadia. Senti-me como se estivesse em minha própria casa. Obrigado amigo, espero retornar...
        Natal-RN, 25 de julho de 2011.
        Gibson Azevedo – Seridoense.
 
 PS. 
            Segue, em anexo, algumas fotografias dos eventos que citei:
A "velha guarda" se esmerando orgulhosamente, cantando o hino do Ginásio Diocesano. Haja saudades!...                         
João Gonçalves, Biagione,Tarcísio Melo, Iaponan, Zé Ovídio...
Netinha, sua cunhada Eliana e amigas, felizes na festa do ex-aluno do CDS
Eu,Wilson, Gontran, Wildete, Wellington e Edjane - Velhos amigos na Festa do CDS.
O amigo Olavo comandando a festa - 52 anos bar de Ferreirinha
...quase a mesma foto, só que desta feita com a presença de meu tio, Ozélio Azevedo.
Roberto Fontes soberano apreciando uma especial retreta na Praça da Liberdade

Eu, ladeado por Ferreirinha e Tota, garçom das antigas. 
52 anos do bar de Ferreirinha - Marcílio, Sandra e Zilda(Novinha)







A amiga Ieda Ovídio também presente na festa dos 52 anos do bar de Ferreirinha
Eu e o amigo Clóvis Pituleira - bar de Ferreirinha 52 anos

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Comício de um certo Carvalho Neto(início).






                                                Comício de um certo Carvalho Neto.


Numa envolvente efervescência política, vivíamos nós, os brasileiros, no começo da década de sessenta. E como nos tinham tirado o direito de exercermos e vivermos uma cidadania plena estávamos como que desabituados a expressarmo-nos naturalmente, com civilidade; faltava-nos o costume..., onde a força dos argumentos, e não o volume e o peso das grosserias fosse, capaz de impressionar e sugestionar nossos semelhantes. É verdade que ficamos por duas décadas sob o jugo severo, draconiano do Estado Novo, pelos idos de trinta. Nada era feito sem sofrer a intervenção direta do Estado. O Congresso e as Assembleias – fechados; a Justiça desfigurada, sem a tradicional venda dos olhos, sofrendo o estupro infamante da mordaça. Amordaçada e vendida estava também a nossa Imprensa, incipiente e quixotesca, castrada por censores incapazes, broncos e ignorantes – vilões vadios! Isto sempre ocorre em todo tipo de ditadura, seja ela de esquerda ou de direita. Não se vê diferenças! Se por um lado nota-se alguma melhoria na ordem pública com a retração do banditismo privado, de iniciativa do cidadão comum, percebe-se, às escâncaras, o crescimento deslavado do banditismo oficial; colheita fétida de um governo que tem engulho, repugnância, ao imaginar-se prestando contas dos seus atos aos seus cidadãos.
 Mário Câmara. Muitos crimes no seu Governo. 
Era costume tratar os adversários e desafetos com atitudes abjetas, como: violações de lares – sem mandato judicial -; violando inclusive as camarinhas, deixando em situações vexatórias senhoras e senhoritas; promover infamantes, desmoralizantes surras em líderes autênticos e pacatos, com o objetivo de ridicularizá-los perante aos seus admiradores; por último, assassinatos por motivo torpe, onde uma das vítimas – o Dr. Otávio Lamartine – foi executado na sua própria casa (zona rural de Acari-RN), desarmado, indefeso, apesar de ter exibido um “habeas corpus” que o protegeria de ser alvo de infamante e manifesta aberração.  É de domínio público, as últimas palavras ouvidas por aquele bom e honrado homem, ferozmente imolado sob o teto de sua morada – berço de decência -, às vistas dos seus horrorizados familiares. Foram elas: “esse papel só me impede de prendê-lo, mas não me impede de matá-lo!” – bradou o Tenente Oscar Matheus Rangel, incitando suas feras a abatê-lo. E assim o fizeram...
O brasileiro era prenhe em sufocar as aspirações e a vontade da maioria das pessoas. Agia como se estivesse fazendo a coisa mais certa do mundo. Alguns vícios nocivos adquiridos, nestes períodos de exceção, de desrespeito total as regras e leis de povos civilizados, perduraram, por décadas afora, apesar da queda da ditadura já se fazer distante. Perdemos o hábito de fazer política séria, de exercermos corretamente a nossa cidadania, votando livremente e vendo ser respeitada a vontade das urnas. Era comum a mentira, o logro, a maledicência. Era uma época onde imperava a “brejeira” e a falcatrua eleitoral. Toda sorte de abusos, cometia-se com ares de normalidade. Era a lei do mais forte; de quem falava mais alto...
Os antigos egípcios mumificavam seus mortos, pois acreditavam que, estes, viveriam após a morte com todas as vantagens da vida terrena, inclusive vantagens materiais. Não é que eles estavam parcialmente corretos?
Nas seções eleitorais dos sertões nordestino, quem mais votavam eram os defuntos! Isto explica àquela antiga crença dos tempos dos faraós...

Natal-RN, 18 de julho de 2011      
                  Gibson Azevedo

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Conversando é que se entende... Sera?


           Conversando é que se entende... Será?

Uma conversa leva à outra sem a menor dificuldade.  Surpreende-nos a fluidez com que os argumentos que iniciam uma conversa, sem maiores explicações, transformam-se nas ideias mais estapafúrdias as quais pudéssemos imaginar. Se o proseado enveredar aos caminhos das discussões, aí é que a coisa pega;  o trajeto destas altercações parece adquirir vida própria ignorando a vontade dos verbo-contendores. É tanto, que existem pessoas que evitam falar de assuntos polêmicos ou que tenham conhecida aptidão de descambarem para uma porfia. Futebol, religião ou política, são temas refugados pelos palradores mais experimentados. Experientes que são, jamais se arriscam em transitarem por esses terrenos incertos, verdadeiros campos minados. Entretanto, mesmo os mais longevos conversadores, se assustam ao perceberem-se envolvidos nos mais estranhos conversares, situações que os incomodam sobremaneira e os enlaçaram sem maiores cerimônias, como se aquilo fosse arte do Capeta. “Ô..., cus diabos! Eita, que já chegou o trololó novamente! Tem jeito não!...” É assim..., parece praga de cigano: quando menos se espera, acontece.

Para ilustrar, lembro-me de certa contenda verbal travada por velhos conhecidos que, na força irresponsável de uma bebedeira dominical, que já se prolongava ao ocaso daquele dia, depois de muitos temas abordados, enganchou-se na milenar instituição Maçonaria, com os seus muitos e sigilosos regulamentos e mitos.  Não sou maçom. Ao menos, até este momento. Já recebi incontáveis convites para ingressar nas suas fileiras, mas, confesso que, por descuido ou por pura preguiça, declinei dos simpáticos assédios.  O que não quer dizer que não possa mudar de ideia e ingressar àquela augusta e milenar associação de “pedreiros”. Pois bem, como foi dito, em um domingo (à tardinha), reunidos no bar do Almeida, estávamos a jogar conversa fora: eu, o jornalista Leonardo Sodré, o repatriado Dinarte Medeiros (morou uns tempos em Santos-SP) e o colega dentista Humberto Dantas. Acho que pelo fato de Humberto e Dinarte serem maçons, o assunto maçonaria veio à baila. Dizia Leo, já bastante alcoolizado: Humberto, o meu pai era maçom grau trinta e três, portanto, seria muito natural que eu também o fosse. Todavia, não consigo encarar uns ritos antiquados, no meu entendimento, e os tão decantados segredos; fama milenar da provecta maçonaria. Bastou isto para o circo pegar fogo. Discute-se daqui, pondera-se dali, aparecem alguns argumentos válidos, mesmo que movidos a raciocínios truncados, meio ao torpor etílico. O fato é que o assunto não terminava nunca...  Lá pras tantas, Humberto fez algumas alegações nas quais citava que  só os maçons e talvez umas poucas congregações de capuchinhos, como: os franciscanos ,os beneditinos..., se tratavam pelo título carinhoso de “Irmão”. Devia ter ficado calado, pois, logo em seguida, foi interpelado por uma inesperada pergunta:
E os maconheiros? Você não está esquecendo-se deles, não?
Maconheiro? Que história é essa? - perguntou o surpreso Humberto.
Sim! Todo maconheiro quando se encontra com um parceiro diz: “Mermão”! Tô muito doido, bicho!...

Então, é ou não é para se ter cuidado com os papos de botequim?

Natal-RN, 12 de julho de 2011.        Gibson Azevedo

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Homenagem ao velho Mané Vintém.

Eita..., manguaça!

                            Enviei outro dia uma poesia ao blog bardefereirinha para relembrar, a título de homenagem, uma queridíssima figura da Caicó dos anos sessenta e setenta, que povoou com sua presença, em momentos impagáveis, aquela urbe, à época ainda provinciana. Este cidadão, conhecido como Mané Vintém, exercia a ofício de marceneiro, com relativa destreza, o que fazia com muito gosto. De temperamento introspectivo, fechado, mal falava – era caladão. Isto, somente até a sexta feira, à tardinha, quando encerrava suas atividades semanais. A partir daquele momento caia na cachaça e logo aos primeiros goles, transformava-se em sujeito muito falante, com palavras, muitas delas, criadas por ele mesmo, nas quais dizia ser um homem de muita coragem e que lhes sobrava valentia. Tornava-se, sob efeito do álcool, um indivíduo muito engraçado, muito diferente do homem de cara fechada que era nos dias de trabalho. Todos em Caicó, sem exceção, gostavam por demais do velho Mané Vintém. Aí vai o teor do supracitado email:

                              Para os meus amigos, os irmãos Roberto Fontes e Clóvis Pituleira, uma glosa de minha lavra em homenagem ao saudoso Mané Vintém, popular querido da nossa Caicó de antanho; que, se vivo fosse, certamente contaria com mais de cem anos.  Aqui, procuro enaltecer a pseudo-coragem daquele degustador etílico de final de semana, que quando alcançava certo estado de embriaguez dizia, a plenos pulmões, que era um elemento possuidor de tanta coragem, que chagava a ter medo dele mesmo.
                           Ao Seu Mané, dedico esta glosa:

Mote:
              O velho Mané Vintém
              Tinha um medo diferente
Glosa:
              Discursou como ninguém
              No meio da carraspana,
              Vez que era um “cu de cana”,
              O velho Mané Vintém.
              Antes de morar no além,
              Se era pacato e decente,
              Mamado, era tão “valente”,
              Que até a “merda tremia”...,
              E dele mesmo – dizia:
              Tinha um medo diferente!


          Natal-RN, 27 de junho de 2011.
               Gibson Azevedo - poeta
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