quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Tributo a Joaquim Guilherme


                 


                            Recebi recentemente, do amigo colega e parente Reinaldo Azevedo, um pequeno artigo feito por ele no qual faz um justo tributo a um ex-professor nosso, falecido há poucos dias. Fiquei emocionado com o depoimento deste querido amigo, até porque, já conhecia parte da história. É tanto, que, pedi a sua permissão para publicá-lo, na íntegra, aqui neste modesto espaço  do “Pouso da Verdade”, coisa que agora faço com muita honra e satisfação:

 TRIBUTO A JOAQUIM GUILHERME “GUI”
                       
Professor Joaquim Guilherme
                       Certa manhã, quando, no curso básico da área biomédica, eu assistia a uma aula na disciplina de Anatomia, no anatômico (laboratório de anatomia humana) da antiga Faculdade de Medicina; eu que já era um conhecido desenhista profissional, trabalhava como “free-lancer” para algumas gráficas de Natal e também nos Diários associados, talvez por isso, um professor assistente instou-me com a devida insistência, para que eu caricaturasse a figura de um dos professores titulares daquela disciplina.  Este docente se por um lado era um cara narcisista, muito vaidoso, também era portador de uma acentuada calvície, pouco disfarçada por alguns escassos fios de cabelos tomados emprestados de outros pontos da cabeça. Penugens grisalhas pobremente dissimuladas, criteriosamente tingidas de preto.
                    Deu-se que, quase ao término da bendita – ou maldita – aula, o encomendado papelucho com a fatal caricatura, foi parar nas mãos do aludido professor, vítima-alvo do meu escrachado desenho, prenhe de deboche, rabiscado no transcorrer da exposição daquele esquentado lecionador.
                    Desapontado com tal fato, lívido de raiva, dirigiu-se a mim e ruidosamente esbravejou: “já que você, Reinaldo, fez a minha caricatura nessa aula, até o final do curso eu farei a sua caveira!!!!”
                    Que coisa mais tétrica? Uiiiii!!!!!!
A partir daquele fato fui marcado sob pressão constante durante aquelas temíveis Gincanas  de Anatomia, e o resultado daquela fúria de “vindita”, não foi outra senão, a minha reprovação por  falta de alguns poucos décimos.  Creio que ele julgou-se satisfeito, pois na repetência, no ano seguinte, fui aprovado com excelentes notas.
Reinaldo, sua guitarra e seus desenhos
                   Quando finalmente ingressei no Curso Profissionalizante em Odontologia, a primeira aula que assisti foi na disciplina de Escultura Dentária, ainda no campo da anatomia – anatomia dental, como também era chamada - cujo titular era o grande, o famosíssimo  e irreverente Professor Joaquim Guilherme. Um deus na sua Cátedra! Na verdade, ele já havia tomado conhecimento da inusitada e injusta pena a mim imposta pelo Lente cáustico e esquentado, que de maus bofes, era lento e pobre no humor. Pois bem, nesta primeira aula do curso profissionalizante, em alto e agudo som, apontando o dedo indicador para mim, o experiente homem de cátedra,  professou humildemente a sua  casta vocação de  bem ensinar, ao  vaticinar com  ênfase diante todos os alunos presentes: “Seu sacana, já que você foi reprovado por ter feito uma caricatura de um professor de merda, ouça agora:  se não fizer a minha, aí é que comigo você se fode!!!”
                   A turma toda foi ao delírio com gritos e aplausos, e as lágrimas, inevitavelmente, transbordaram honestas em meu rosto. Aquele gesto, aquelas palavras vieram no momento oportuno através da sapiência e da humildade de um verdadeiro Mestre. Mestre com “M” maiúsculo, que soube, de fato, levantar a auto-estima e valorizar o talento incipiente de um aluno, incompreendido no gracejo da sua arte, ao abraçar com brandura a rebeldia própria dos calouros.
                Alguns anos depois, aquele mesmo Homem viria a ser o meu Padrinho de Formatura. E, de certa forma, jamais viria a imaginar que uma cópia daquele desenho, carinhosamente elaborado nos idos de 1974, eu ofereceria em mãos aos familiares do “VELHO GUÍ” agora, no momento da sua despedida desta ambiência para outro Plano de Deus.
 Reinaldo Azevêdo – CD
15/11/2011

P.S.: Um lembrete..., ou será um pedido?
                 Em Lá chegando, Velho Guí, não se esqueça de contar, para o Grande Mestre, aquelas picantes piadas de salão (de barbeiro) que tanto você gostava de ouvir e contar aqui no andar de baixo. Acho que, com este artifício, você pode até PASSAR POR MÉDIA!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O Cão "atenta"!


                                                                     O Cão “atenta”!



                                      “Atenta” mesmo!... Olhe que, basta você emitir uma opinião sincera, por mais insignificante que possa parecer, para acontecer o inesperado. Parece uma obra de conluio. Uma demonstração zombeteira de nossa pouca ou nenhuma capacidade de lograrmos êxito no comando do destino, sob o controle da nossa vontade. Para isto, basta procedermos com uma sincera ousadia, na confiança de termos o acaso do nosso lado e, consequentemente, para a nossa arcaica surpresa, o desfecho se fará breve e contrário ao que fora ingenuamente vislumbrado.
                                         Não posso reclamar em demasia, pois a história por mim escrita há alguns dias não se contradiz por inteiro...

Edison Peres no Bar de Lourival e no seu Trabalho
                                        Publiquei no meu blog “pouso da verdade”, uma matéria intitulada  - Peres – na qual, com muita justiça, homenageei o poeta popular e boêmio, o cidadão exemplar, o zeloso chefe de família, o angicano há muito radicado em Natal, Edison Peres, e que precocemente nos deixou. (Faleceu aos 58 anos em novembro de 1989). Fiz isto no dia 24 de outubro de dois mil e onze.  A surpresa veio-me no dia 14 de novembro de dois mil e onze. (Portanto, vinte e dois dias após). Estava naquele dia, à noitinha, no bar do Mário, quando chegou o amigo Leonardo Sodré com um calhamaço debaixo do braço, e o distribuiu com os seus conhecidos na nossa mesa. Tratava-se do número mais recente do jornalzinho, quase um pasquim, chamado do “O botequeiro”. (Favor não confundir com boqueteiro!!!!!).  Este pequeno tabloide está na sua 11ª publicação e, segundo seus idealizadores, tem sido feito até agora uma distribuição gratuita de 10 mil exemplares - uma boa marca.  Lembram, os editores, que a sua leitura não é recomendada aos menores de 18 anos. Este veículo de informação destaca os bares, botecos e biroscas da nossa cidade, ou alguma manifestação cultural que de alguma forma se relaciona conosco - os natalenses. Destaca também os artistas da noite, poetas e afins, desta Taba de Poti ou dalgum lugarejo de relativas lonjuras de nós - xarias e canguleiros. Nesta recente edição, precisamente na 3ª página, vemos a fantástica reportagem que Joãozinho Dias fez com o impagável Edison Peres. Várias fotografias da época de convivência, deste, com os seus amigos e confrades, a recitar, decerto, a “Valsa fúnebre de Hermengarda”, coisa que ele fazia como poucos.  Ele dava um show de declamação, com a sua voz possante de Leiloeiro da Receita Federal, nesta joia boêmia da obra do grande poeta  alagoano Lêdo Ivo. No entanto, o que mais me surpreendeu foi que, encartada a esta reportagem, estava à citada glosa que eu julgava perdida: “Merda n’água não afunda/Nem nunca vai pra onde quer”. Fiquei impressionado pela rapidez que o acaso serviu-se no intuito de me corrigir, já que afirmei, com todas as letras, que esta poesia se havia perdido na poeira do tempo. Outra correção: “merda n’água não afunda”, é o primeiro, e não o segundo verso do mote.
                                        Sem mais delongas, eis a citada glosa na gostosa veia “pereseana”, de um poeta  pai-d'égua de  versos fescenino:

 Mote:
              Merda n’água não afunda,
              Nem nunca vai pra onde quer.

 Glosa:
              Nem a ciência profunda,
              Vem desmentir o que digo,
              Seja de rico ou mendigo,
              Merda n’água não afunda.
              Saindo de qualquer bunda,
              Mesmo de homem ou mulher,
              E num riacho qualquer,
              Você a depositando,
              Vai ver que ela sai boiando,
              Mas nunca vai pra onde quer.

                                          Natal-RN. Edison Peres - Poeta (in memoriam).



                                          Natal-RN, 17 de novembro de 2011.
                                                    Gibson Azevedo - poeta.




       
       

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Corroborando com "Os Nonatos".



                                  Recebi no dia 21 de janeiro 2009, pela primeira vez, um email do dileto amigo Antenir de Oliveira Neves, no qual estava encartado o poema popular - Martelo, para melhor entendimento -  da dupla Os Nonatos da cidade de Caicó-RN. (No Nordeste Brasileiro,nas feiras livres de suas cidades, ainda pululam uma grande quantidade de poetas populares. Alguns são talentosos , outros nem tanto...) Neves citava nesse email, que tinha um tio afim – o Viana –, que adorava este tipo de poesia e, que a esses dois poetas, julgava que ele aplaudiria de pé.
                                Recebi em datas mais recentes, emails com o mesmo conteúdo, dos amigos: Ozélio Azevedo, Janduy Azevedo, e, por último, Paulino Torrês. Bem, os decassílabos são muito bons, no entanto, em alguns não existem rimas. Ex.: Olivetti com internet; fez com 43; etc. Assim sendo, respondi ao email do amigo e os dos demais, com uma décima, também em martelo, e aproveitando o mesmo mote. Detalhe: Só usei duas palavras estrangeiras ligadas à informática: ”Internet e Web!”   
                                                                               


Escrever é um prazer fora de moda,
Essa escrita com papel e com caneta,
É passado do tempo da caderneta,
Tão antiga quanto à invenção da roda.
O que é novo, no entanto, incomoda:         
Veem-se tudo na “Web”, todo dia:
Logorreias, verborreias, sem valia...
Se eu pudesse, acabava no bufete:                      
O planeta movido a Internet,                                               
É escravo da tecnologia!
                             
          (Gibson Azevedo – poeta)22/01/2009


                                     Mote: O planeta movido a internet / É escravo da tecnologia
                                                     (Autoria de Os Nonatos – Caicó-RN)

O visor como tela de “TV”                                   
O teclado acessível como “book”                             
Pra maiúsculo ou minúsculo é “Caps look”            
Pra mandar imprimir é “Control  P”     
Com o micro “Samsung e LG”                                
E os programas que a “Apple” financia                  
A indústria da datilografia                                       
Nunca mais vai fazer máquina “Olivetti”         
E o planeta movido a Internet                                  
É escravo da tecnologia                                           

Quem se pluga em milésimo de segundo               
E se conecta ao portal e seus asseclas                    
Basta apenas tocar numa das teclas                      
Que o visor nos transporta a outros mundos           
Desde a terra dos solos mais fecundos                    
Ao espaço onde o vácuo se inicia                           
Quem formata depois cola, copia                            
E prende o Mundo na grade de um disquete           
O planeta movido a Internet                                    
É escravo da tecnologia                                           

A indústria se autodestruindo                                                                          
Descartou o “compacto”  e “LP”                            
Veio o surto, a febre do “CD”                                 
E  “DVD” mal chegou e já está saindo                   
“MD” não há mais ninguém pedindo                     
Numa “DAT” gravar ninguém confia             
Fita “BASF” tem pouca serventia                           
E ninguém quer mais um “Videocassete”             
E o Planeta movido a Internet                                  
É escravo da tecnologia 


Pra prever terremotos e tufões                                
Os sismógrafos têm número numa escala            
E o Trem-bala é veloz como uma bala           
Numa linha arrastando dez vagões                           
No Japão e na China as construções                       
Já suportam tremor e ventania                                
Torre, ponte, edifício, rodovia                                
São perfeitos do jeito da “maquete”                        
E o Planeta movido a Internet                                 
É escravo da tecnologia                                          

Nosso pouso na Lua foi suave                             
Um robô foi a Marte e se deu bem                        
Estão querendo ir ao Sol, mas o Sol tem             
De calor um problema muito grave                       
E a NASA não tem espaçonave                             
Que suporte essa carga de energia,                       
Se for feita de fibra, se desfia                                 
E de alumínio o monstrengo se derrete                 
O planeta movido a internet                                   
É escravo da tecnologia                                         
                                                                                 
"Motorola”trocou técnica e conselho                  
“Nokia” e “Siemens” galgaram patamares                
Já estão fora de moda os celulares                        
Que têm câmaras e visor infravermelho
Reduzindo o tamanho do aparelho                            
A “Pantech” fez mais do que devia                           
Que memória de um “chip” não podia                       
Ser mais grossa que a lâmina de um”Gillete”       
E o planeta movido a Internet                                             
É escravo da tecnologia.        

Brasilsat” é mais uma criação
Que nos nossos vizinhos deu insônia
O “SIVAM” espiona a Amazônia
Evitando que haja outro espião
É por via satélite a transmissão
Que não tem transmissão por outra via
Uma antena seqüestra a sintonia
Pra “DirecTV”, “Sky “e para “Net”
O planeta movido a Internet
É escravo da tecnologia

Transatlânticos no mar fazem cruzeiros
E pelos micros das multinacionais
Hoje tem conferências virtuais
Com os Executivos estrangeiros
O email é correio sem carteiros
Tanto guarda mensagem, como envia
Os robôs usam “Chip” e bateria
E “Videogame” é brinquedo de pivete
O planeta movido a Internet
É escravo da tecnologia

Cibernética na prática e no papel                                          
Deixam os seres “Online” e ganham IBOPE”
Com “Word” tem “Palm” e “Lap top”
E ainda mais “Power Point” e “Excel”
É possível quem mora em Israel
Pelo “Memssenger” teclar com a Bahia
Se os autômatos ganharem rebeldia
Tenho medo que a máquina nos “delete”
O planeta movido a Internet
É escravo da tecnologia

Hoje a “Bombardier” não fere as leis
E a “Embraer” mãe de “Sênecas“ e “Tucanos”
Invisíveis aos radares há dois anos 
Já existe avião que a “Sukhoi” fez  
É da “NASA” o XA-43
Que voando tem mais autonomia
Um piloto automático opera e guia
O “Airbus” e o 747
O planeta movido a Internet
É escravo da tecnologia









                              

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Crise no governo de Rosalba


                       Dia destes, enviei um email aos irmãos e amigos Roberto Fontes e Clóvis Pituleira, para dar conta de uma glosa que fiz a reboque de outra que já havia sido publicada, por outro poeta, no mesmo blog ( bardeferreirinha), e da qual usei o mesmo mote, já que tratava-se de uma gozação ao porre destrambelhado que o ex-secretário do Gabinete Civil do governo, Paulo de Tarso Fernandes, tomou.  E sob os efeitos etílicos, ele teceu comentários mil sobre o governo Rosalba Ciarline. Dizem que no tal porre, o supracitado  bebeu até chumbo derretido. Daí o motivo da língua solta, a confessar o inconfessável...
                       Vejamos o que eles publicaram motivados pelo meu email:

sexta-feira, 28 de outubro de 2011
A crise no governo Rosalba II

                        A língua solta do ex-secretário do Gabinete Civil Paulo de Tarso Fernandes - que radiografou o Governo Rosalba depois de uns goles de uísque - continua rendendo.
Se não no noticiário político, pelos menos na verve dos poetas e chargistas.
Hoje, o assunto é tratado pelo poeta Gibson Azevedo, cliente e colaborador do Bar de Ferreirinha, com um delicioso mote/glosa, complementado por uma charge estupenda do mossoroense Túlio Ratto:
Mote
Meteram até veneno 
No copo do Secretário

Glosa

Abomino este terreno:
“Merda no ventilador”...
Mas na boca do doutor
Meteram até veneno.
Factóide, um pantim pequeno
Que engordou o noticiário...
Foi zanga de adversário:
                                                                               Entornaram... (e ele bebeu),
                                                                              Merda, sabão e breu,
                                                                                 No copo do Secretário! 


Natal-RN, 27/outubro/2011. 
Gibson Azevedo  -  poeta.
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