sábado, 24 de dezembro de 2011

Nota de falecimento.



Nota de falecimento:
                              Muito triste e constrangido, devo publicar o falecimento da minha cunhada Eurilene Santana Balbi, hoje, pela manha, na Casa de Saúde São Lucas. Desde já, a família agradece a todas as orações feitas na intenção da sua recuperação. Hoje, 24 de dezembro, temos a certeza do seu reencontro com o nosso criador.
 
                              Natal-RN, 24 de dezembro de 2011.
                                     Gibson Azevedo da Costa.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Melhor que não foi um político... Melhor que escolheram um poeta!

                                          Melhor que não foi um político...
                                            Melhor que escolheram um poeta!


Poeta e pintor Newton Navarro
Igreja da Redinha - feita de pedras
                                         Certa feita eu entrei em um bar da cidade alta, à Rua Princesa Isabel, este, que ficava em frente à antiga Copiadora Central, era uma construção rústica, talvez de uma Natal dos fins do século dezenove, onde as paredes, até a da fachada, eram feitas de pau-a-pique – taipa.  Telhado em telhas-vãs no qual se viam as sinuosidades dos caibros grosseiros, sem acabamento, ambos escurecidos pelo tempo ou por conta dalguma picumã vazada da cozinha ao longo dos tempos, pelas aberturas das meias-paredes, comuns àquele tipo de habitação. Aquela construção antiga e acanhada, de portas baixas e pintada à cal, era relativamente arejada e fresca devido a altura da  sua cumeeira e a franquia gostosa dos frechais à passagem sonora dos ventos.  Velhas mesas e cadeiras, um balcão refrigerado e umas poucas prateleiras com bebidas diversas formavam, a grosso modo, o mobiliário do cômodo de entrada daquele que era, sem dúvida, um dos recantos boêmio de uma cidade que teimava em ainda guardar resquícios pitorescos dos seus tempos de província. Nem lembro porque adentrei ao recinto. Talvez, para comprar cigarros... O fato é que deparei-me, naquele começo de tarde, com dois indivíduos de meia idade que bebericavam em uma das mesas. Fumavam. Um deles eu conhecia, desde os meus tempos de adolescente na cidade de Caicó. Era Newton Navarro. (O mesmo artista plástico que eu vi, pelas brechas do tapume, pintar o bonito painel das futuras Instalações do Banco do Rio Grande do Norte, daquela cidade. Gostava de pintar à noite, movido a muitas e generosas doses de uísque escocês.)  Conversavam amenidades naquele papo de quem bebe. O outro, um sujeito bronco de poucos recursos intelectuais dizia à larga, como se entendesse, que não considerava Newton um poeta, porque seus versos não rimavam e nem ele os fazia de improviso. "Pintor? Vá lá!..." – dizia, o falaz energúmeno. Lembro que o poeta só fazia rir. Divertia-se, talvez, com tamanha burrice. Vê-se muito dessas coisas em boteco. É o espaço mais democrático que o ser humano conhece: o dos botequins. Ali, toda loucura é ouvida e poucas vezes contestada. E quando algum contra-argumento se apresenta, em contenda, na maioria das vezes não é levado a sério. “E fica o dito pelo não dito”.
Agência do Banco do Rio grande do Norte em Caicó
                            Newton Navarro no seu livro de Crônicas poéticas, “Do outro lado do Rio, entre os morros”, fez uma declaração de amor ao cenário mítico dos veraneios da sua mais tenra mocidade, guardando em um luzir fabuloso da memória todos os homens e mulheres, os mais humildes, daquela antiga aldeia de pescadores. Guardou-os, por inteiro... Com suas manias, riquezas de costumes, tradições herdadas de além mar; seus bêbados, seus valentes e seus saltimbancos. Suas mulheres..., matronas brejeiras, descendentes diretas dos ancestrais potiguares. Fez menções ao homem e aos bichos, no contesto natural marinho daquele lugarejo praiano e, ao seu ecossistema ainda primitivo de plantas cheirosas e de frutos comestíveis. Disse o poeta, em uma dessas suas crônicas:
                                 
Livro do poeta Newton Navarro
                              “... Falar desse tempo, seria encher as folhas de um caderno maior. Lembrar os natais, a ceia festiva, os doces que minha tia Idália fazia como nenhuma outra dona de casa, os banhos de mar, piqueniques no Rio Doce, festas de padroeira, o empinar de corujas, o bumba-meu-boi dançando no terreiro da casa, o sabor da vida que era tão igual ao dos cajus maduros que colhíamos entre as brisas do entardecer.”
                                     “Como no retrato de Itabira, do poeta Drummond, essas lembranças doem.”
                                   “E assim, nos afastamos da casa...”
                                          Na inauguração de uma belíssima ponte que liga a cidade de Natal à sua amada Redinha e as praias do litoral norte, tiveram, nossos gestores, a decência  - coisa rara - de escolher o nome do nosso poeta Newton Navarro para batizar àquela obra. Nada mais justo!
Ponte Newton Navarro - vista da Getúlio Vargas
                                    

                    Que bom, que temos o nome deste nosso querido poeta bem à saída da “Boca da Barra”!
                         
                     Ainda bem, que não escolheram um político!... Arre!



P. Newton Navarro e Redinha - Visão aérea.

                      
        Natal-RN, 20 de Dezembro de 2011.
              Gibson Azevedo – poeta.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Eu não troco meu Oxente, pelo OK de ninguém!


Ariano Suassuna


                            Existe um assunto que está fazendo o maior sucesso atualmente em alguns Sites e Blogs, os mais acessados. Caiu na graça (gosto, preferência) do povo. Trata-se de uma frase que o decano, o intelectual de louvável cerne nativista, Ariano Suassuna proferiu, entre muitas de excepcional sabedoria que o mesmo enuncia nas suas “aulas espetáculo”, que acontecem sempre muito concorridas por todo o território deste “Brasil sem porteiras”. Por ter nascido na Paraíba e educado em Pernambuco onde mora até hoje, mantém-se fiel às nossas manifestações culturais, aos costumes, mesmos os mais arcaicos que dizem respeito as nossas raízes, dos primórdios da nossa Nação. Até os valores dos nossos ancestrais indígenas tem a simpatia deste grande homem de letras. Ele não é, como diz sempre, contra a cultura estrangeira que venha somar beneficamente valores ao nosso patrimônio cultural. Ele abomina sim, aos modismos deletérios que nos apequenam, intencionalmente, ante outros povos sem escrúpulos, tanto no nosso idioma como nos nossos costumes. Em outras palavras, trejeitos alienígenas que nos descaracterizam.   Pois bem, numa destas oportunidades o velho Ariano disse orgulhosamente: “Eu não troco o meu Oxente, pelo o Ok de Ninguém!”
                   Aqui, na minha modesta condição de humilde poeta, cuidei oportuno glosar usando o espontâneo mote. Observem:

Mote:
             Eu não troco o meu “oxente”
             Pelo o “Ok” de Ninguém
Glosa:
             Só se eu fosse um demente,
             Metido à besta, um frescote...
             Mesmo lanhado a chicote 
             Eu não troco o meu “oxente”.
             Sou um homem diferente,
             Nem a tudo digo amém...
             Ouço com muito desdém ,
             Um falar desaprumado...
             Não vou ser apalermado
             Pelo o “OK” de ninguém!


                  Natal-RN, 12/dez./ 2011.
                          Gibson Azevedo – poeta.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Veióbas tomam Viagra.


                                                                           “Veióbas” tomam Viagra


                     Caríssimos leitores há poucos dias em uma visita, numa de muitas e que sempre faço, ao interessantíssimo blog Bardeferreirinha de responsabilidade editorial dos irmãos Roberto Fontes e Clóvis Pituleira, deparei- me com a inusitada notícia que levava o título de: “O pulso ainda pulsa”. Notícia advinda da rádio FM 104 de Sousa-PB, na qual o repórter Ademar Nonato abordou o fato de alguns idosos do distrito de São Gonçalo – zona rural daquele município –, estarem fazendo uso do medicamento afrodisíaco  de nome Viagra, com o intuito de, na maior desfaçatez, namorarem com as jumentinhas daquela localidade. Dizia o citado repórter, que já haviam acontecido alguns flagras de indecorosas cópulas de idosos com os inocentes animais. Este é um assunto para estudo na esfera social, na busca de uma melhor e mais justa interpretação do código penal, para ver se esses infratores dos bons costumes ainda estão sujeitos a algum tipo de sanção, alguma reprimenda. Ou talvez,  a possibilidade de punir os farmacêuticos ou balconistas de farmácias que estão fornecendo os famigerados comprimidos aos  referidos "Varões da terceira idade".
                   


               Bem, diante do hilário da citada notícia, puxei da minha veia poética e tasquei o verbo com a seguinte glosa, já que o próprio sub-título da notícia “Idosos tomam Viagra / Pra namorar com as jumentas”, é um mote  em setissílabo perfeito.  Ei-la:




Mote:
             Idosos tomam Viagra
             Pra namorar com as jumentas.
 Glosa:
             O velho rádio consagra,
             Entabocando malícia,
             É esquisita a notícia:
             Idosos tomam Viagra!
             Pegaram os velhos, no flagra,
             Com as vergonhas sedentas...
             Zurrando tesão nas ventas
             E um grande amor jurando,
             Dando coice e esquipando,
             Pra namorar com as jumentas!!!


                                         Natal-RN 07/ dez. / 20011.
                                           Gibson Azevedo – poeta.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sucesso da evolução.


                                                       Sucesso da evolução


                      Dentre os muitos seres vivos que ainda continuam conosco e outros tantos que sumiram na extinção, existem os que, segundo alguns biólogos, guardam origens pré-históricas e são os que mais têm em comum com os dinossauros. Estes animais aos quais me refiro, são os galináceos, tão comuns nos círculos de bichos domésticos e convivem com o homem desde os primórdios da humanidade. Este animal deixou de ser selvagem graças à interferência humana no seu habitat natural, condicionando-os a uma  vida conosco parcialmente comensal.Na evolução natural eles se tornaram dóceis – com exceção das raças de briga – e, como se reproduzem abundantemente, passaram a fazer parte da dieta alimentar dos nossos antepassados, até a consagração nos dias atuais como alimento de  origem animal de primeira escolha.

A minha origem é sertaneja e, quando menino, a minha vida se dividiu entre a pequena cidade e o campo.  Devido a isto, conheço com certa facilidade a flora e fauna silvestre do semi-árido do nordeste brasileiro. Conheço a fauna silvestre e a doméstica, tão importantes na sobrevivência do homem nos lugares ermos, de relativas lonjuras dos pequenos arruados e também das maiores concentrações populacionais. Não se concebe uma dicotomia entre a população campesina e estes animais. Uns se “interfazem” com os outros, como nos aconselham as leis naturais. Na natureza nós todos nos completamos.
Foguinho no seu difícil labor de viver.

          Em alguns casos existe uma amizade entre nós. É o caso de Foguinho, um galinho de estimação que criamos, já há quatro anos, no quintal da nossa casa. A depender de mim, ele vai morrer de velho! Não sou adepto do canibalismo e, no caso de Foguinho, seria como se fôssemos, se, por algum motivo, viéssemos a devorá-lo. Na minha feira semanal, o que primeiro vem à lembrança é o saco de milho que tenho de comprar, em atenção àquele amigo. Aprendi a gostar dele... Desde ele jovem, quando chegou ao nosso galinheiro, logo nos primeiros dias ouvi, à madrugada, umas pancadas peitorais num aplauso de asas e..., talvez, o seu primeiro canto. A partir de então, de hora em hora, todos os dias, aos primeiros albores da madrugada, lá está o possante canto de Foguinho a embalar os resquícios de sono matinais da minha família e de gentes da vizinhança. Isto não tem preço... Faz parte do espetáculo da natureza e eu não pretendo perder nenhum ato. Quero, com sensibilidade, estar presente em todos eles.
Aqui o velho Fogo a nos observar
        
                Existem, entretanto, outros tipos de relacionamentos humanos com estes animais. É o caso de Velhinho, um Senhor que era casado com minha tia Otilda, portanto meu tio afim (os dois já falecidos), que sendo um homem muito espirituoso, algumas vezes aparecia com umas ideias inusitadas. O seu aguçado humor lhe sugeriu, certa vez, de por de molho (imersão) um quilo de milho em um litro de álcool, durante uns bons pares de horas. Até aí, tudo bem: era só uma ideia maluca. O fato é que vizinho a sua Mercearia, ficava a Usina de Força e Luz do município de Jardim do Seridó-RN, e a mulher do encarregado daquela entidade, a Dona Santina, criava, à solta, uma boa quantidade de galinhas. Ora, logo às primeiras horas da tarde, ele, na sua premeditada pantomima, sorrateiramente, instava as penosas a comerem os grãos de milho embebidos em álcool, que ele fartamente lhes oferecia: “Tchim, tchim, tchim, venha quí! tchimmmm!!!” Passados alguns minutos, o efeito daquela carraspana involuntária era constatado facilmente. As galinhas davam um passo para frente, dois para trás, um de lado e caíam. O galo, fogoso como ele só, quando tentava cobrir alguma fêmea, depois de com algum esforço subir na dita cuja, despencava daquela altura batendo com a cabeça no chão, muito surpreso, com os olhos arregalados, sem saber o que podia estar acontecendo...  Isto era uma maravilha para Velhinho e uma cambada de amigos e fregueses, sabedores daquela artimanha. Gargalhavam a valer!...
                      A Dona Santina, inocente, perguntava: -“Qué quessas galinhas têm, Seu Véim?” 
                    “Sei não, cumade Santina. Parece quelas tão doentes... Será da água???" – Respondeu com cinismo, para o deleite dos presentes, o citado arteiro.

                     Conheci na época que moramos na cidade de Caicó-RN, década de sessenta,  um cidadão que pertencia a uma honrada família antiga daquela região e que atendia pelo vulgo de Marujo. Isto se devia ao fato dele haver sido, em certa época de sua vida, Sargento da Marinha do Brasil, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Marujo vivia embriagado... Lembro dele todo babado, agarrado a uma parede, já perto de sua casa, chamando a sua irmã para vir buscá-lo. Dizia: “Bola, venha me buscar!!!”  A irmã, constrangida, assim mesmo corria a ajudá-lo encontrar o caminho de casa. Pois bem, soube, naqueles meus dias da infância, que o bêbado Marujo foi expulso, com desonra, da nossa augusta Força Náutica, porque ele e alguns colegas de farda, sob um forte efeito etílico, obrigaram, de arma em punho, um padre católico a batizar um galo com o nome de João. Alegavam uma grande amizade com o galinho, para exigirem, para ele, aquele citado Sacramento. E ai do padre, se não obedecesse!...

                    
                      Natal-RN 30 de novembro de 2011.
                            Gibson Azevedo da Costa.
                              
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