quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Dialetos, mudanças e corruptelas(parte III - epílogo).





                                          ... A coisa foi esquentando..., até que surgiram alguns telefonemas de pessoas influentes, também magoadas, e, ainda no calor dos acontecimentos, meio a um turbilhão de incontidas emoções cobrando, de Machado, alguma posição e atitude sobre a malsinada peleja. Vendo-se acossado naquela incômoda situação, o velho alcaide esportivo, inteligente e madraçamente, desmanchou-se em juras de inocência, alegando que se encontrava “de costas” por ocasião dos aludidos ilícitos, não podendo, evidentemente, nada testemunhar, nada opinar... Para concluir saiu-se, de propósito, com um impagável anexim xistoso: “por trás, eu tenho um olho escondido, que é cego e nada vê!”
Poeta Renato Caldas do Açu -RN
                                       

                                     Renato, que a tudo ouvia, não conteve a sua brutal indignação ante ao fato e, mandou num surrado papel a seguinte mensagem de advertência para o dileto amigo, que, prazerosa e democraticamente, declamou na primeira oportunidade para os seus milhares de radio-ouvintes fiéis:

                                              
                                               
                                               João Machado, distraído,
                                               Para ilustrar comentários,
                                               Disse entre assuntos vários:
                                              “Eu tenho um olho escondido!”
                                               Fez bem não tê-lo exibido,
                                               Machado, sabe por quê?
                                               Vou avisar pra você:
                                               Tenha cuidado com ele,
                                               Que o bicho que gosta dele
                                               “É cego e também não vê!”

                                         Para demonstrar quão aberrantes são as mudanças gratuitas sobre qualquer obra de arte e demais esforços da criação, é que registro aqui um comentário feito por um primo muito próximo e querido, em inesquecível reunião de família, que consiste no seguinte: “certa feita, estando bebericando num boteco em Currais Novos-RN, ouvi umas loucuras proferidas, naquele ambiente chinfrim, por um orgulhoso pinguço:
                                                 “João Machado, distraído,
                                                   Disse numa guerra fatal:
                                                   Benedito Bacurau...
                                                   Eu tenho um olho escondido.
                                                   Engraxava seus sapatos
                                                   Com pomada O D D,
                                                   Eu vou contar pra você...,
                                                   Tenha cuidado com ele,
                                                   Que o bicho que gosta dele
                                                   É cego e também não vê!”

                                           Seria possível haver marmota mais feia do que essa? Duvido!... Nem o poeta Zé Limeira seria capaz de conceber tal loucura!



                                               Natal-RN, 31 de outubro de 2012.
                                                      Gibson Azevedo – poeta.



terça-feira, 23 de outubro de 2012

Dialetos, mudanças e corruptelas(parte II)



                                    Apesar de sermos mutantes por natureza, seria realmente necessário chegarmos ao rés de chão?...
                                     Almoçava Renato Caldas, no pino do meio dia, numa segunda feira ensolarada – já distante algumas décadas – no vale do Açu, momento no qual também ouvia o seu programa radiofônico favorito: “O corruchiado de João Machado”. Este era um programa esportivo onde o Dr. João Cláudio de Vasconcelos Machado – Presidente da Federação Norteriograndense de Futebol, bacharel em Direito formado em Londres, funcionário público e jornalista por adoção – conduzia, com grande sucesso, uma espécie de resenha esportiva com muita irreverência e picardia. Ali, mandavam-se recados para as liga interioranas de futebol amador, marcando datas dos jogos e até rachões de várzeas, nos quais se comunicava, antecipadamente, o preço das senhas e o local das tradicionais feijoadas, que se sucediam aos citados rachões. Havia também, recados marcando batizados de crianças, alertando-se aos padrinhos das suas imprescindíveis presenças, e, notícias de algumas singelas efemérides, etc., etc., etc. Por fim, notícias do incipiente futebol profissional da nossa capital.
Dr João Machado
                                         Nos comentários Machado evidenciava, com ênfase, os aspectos técnicos, contusões, contratações e também dava opinião sobre as arbitragens. Apesar de bem humorado era, um homem extremamente sério, duma honradez a toda prova. Jamais se ouviu o mais tênue comentário com o seu nome envolvido em “coisas mal havidas”. Jamais! Entretanto, no domingo anterior àquela segunda feira, o Estádio Juvenal Lamartine havia sido palco de um acirrado clássico de futebol, envolvendo os dois times de maiores torcidas da nossa cidade, à época ainda muito provinciana. Naquele ABC x América, houvera toda sorte de irregularidade, que contaram com o beneplácito aval do árbitro da partida: pênaltis inexistentes e outros não marcados; gols mal anulados; outros validados em total impedimento; gol de mão e discutíveis expulsões, etc., tudo isto, “sua excelência” usou, para acomodar um confortável resultado que não comprometesse a sua integridade física.
                                        Desnecessário é, dizer que aquela resenha realizou-se em clima de conhecido tumulto entre os torcedores; que se sentiam lesados por uma arbitragem que entendiam parcial e, desonestamente, excedera os limites da rapinagem. Não se conformavam com o fato do Presidente da Federação encontrar-se nas dependências do estádio, assistindo ao jogo na Tribuna de Honra e, não tomar nenhuma atitude contra aquele vergonhoso imbróglio...


                                  Natal-RN 23 de outubro de 2012.
                                       Gibson Azevedo - poeta

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Dialetos, mudanças e corruptelas.






                                      Dialetos, mudanças e corruptelas. (Intróito).


                               “Macacos me mordam!”, se na maioria dos seres humanos não existe um faniquito que os impelem, sem motivos aparente, a modificar o que está quieto. Senão vejamos: “Bora, Fulano!” Nesta expressão, já existe uma boa dose de alterações desde a sua forma original, oriunda de um remoto Portugal, berço da nossa Língua. Na grafia daqueles tempos, dizia-se: “Vamos à boa hora, Fulano!” Com o passar dos séculos, sofrendo a ação corrosiva das abreviações, passou-se a declamá-la da seguinte maneira: “Vamos embora, Fulano!” Daí para a forma econômica, para não dizer avara, de: “vambora, Fulano!’, foi um lapso, pequeno período de tempo. Surpreendentemente, não esgotou-se a ação deletéria e corruptora dos hábitos nocivos sobre estes inermes vocábulos; chegou-se a grosseria, do: “borá, Fulano!”Não ficou só nisso, pasmem, os senhores! , pois existem anomalias maiores que as mencionadas. São formas de ruídos muito próximos dos sons guturais emitidos pelo homem nos primórdios da humanidade. Na verdade, nos nossos dias, sujeitos desqualificados, consumidores habituais da “canabis sativa” e de outros bagulhos congêneres, tratam desdenhosamente esse sublime esforço da comunicação humana, da seguinte maneira: “bó, Cara!”..., “bó, Mano!”
Sujeito "muito doido".
                                  - É muita falta de peia! – desculpem o desabafo. Estas anomalias e deformações estão presentes nos vários segmentos da evolução intelectual do homem; trazendo, a reboque, prejuízos incalculáveis; maculando, irremediavelmente, os setores mutilados. O cinema, o teatro, a música, a poesia, a literatura, as artes plásticas, os costumes, a fé: todos sofreram abduções de valores, a guisa duma provável liberdade de expressão, exercida sem a devida responsabilidade nas toadas inesgotáveis dos tempos...

                                         
                                         Natal-RN, 17 de outubro de 2012.
                                                 Gibson Azevedo - poeta.
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