terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Passou um Pitú em todos...

                        Eu não gosto de políticos!... Justifica-me  o fato de todos eles serem dissimulados e passarem ao largo dos limites da verdade. O homem íntegro raramente logra êxito neste segmento de atividade humana, ficando  o sucesso fadado aos mais manhosos e venais, qualidades reprováveis que caracterizam famílias inteiras. Cuido não estar dizendo nenhuma novidade. Este é um assunto corrente no meio das pessoas que são tida com formadores de opinião. No nosso Estado, o Rio Grande do Norte, temos vários exemplos de clãs de preguiçosos, nos quais, a maioria dos que os compõem jamais se submeteram a uma decente rotina de trabalho, tampouco se esforçaram nos misteres de prestadores de serviços, como os profissionais liberais. Um ou outro componente destes ajuntados familiares se destacam  nos afazeres supracitados. São exceções à regra.
Pensativa... Talvez engendrando o "mal feito".
                          Certo dia, recebi um email de um amigo de infância no qual ele criticava a nossa Justiça, por esta não punir com veemência e com a urgência que estes casos carecem, gestores desonestos e incapazes que, escorados em promessas vãs e banais palavras de ordem, conseguem chegar ao posto mais alto na chefia de uma cidade, de um estado ou de um país. Temos o caso recente da última gestão municipal, quando uma senhora de carreira política obscura conseguiu lograr êxito e eleger-se prefeita de Natal, com um slogan de que era a vitória e voo de uma  borboleta, quando na realidade, ela e o seu partido, não tinham plano algum para a administrar nossa cidade, e em quatro anos, praticamente, destruíram  o que muitas administrações que a antecedeu havia realizado.  Se é loucura ou ruindade, não se sabe ao certo. Pode até ser as duas coisas, visto o vilipêndio ao erário que tornou-se evidente  no período destes nefastos  quatro anos.
Êêê.. Prefeita. Nem rezando você lava a sua culpa!...

                               Este meu indignado amigo nos mostrou um poema feito por uma poeta popular, no qual, algumas sextilhas e as vezes septilhas terminavam sempre com o mesmo mote: " Passou um Pitu em todos / e nada fez pelo povo."  Este é mote perfeito - setissilábico.  E como eu também estou muito revoltado com os desmandos  da ex-prefeita, apesar de não ter votado nela, meti o meu olhar de poeta e com o mesmo mote glosei:
Mote:
             Passou um Pitu em todos
             E nada fez pelo povo.
 Glosa:
             Raspou o erário, a rodos,
             Depenou o município...
             Micarla, desde o princípio,
             Passou um Pitu em todos.
             Foi o pior dos engôdos:
             Dos antigos ao mais novo...
             Não teve o menor estorvo
             Ou remorso de roubar,
             Mentir e caluniar,
             E nada fez pelo povo!


     Natal-RN, 02 de janeiro de 2013.
            Gibson Azevedo – poeta.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Seca, a maldição de sempre.

                                      Seca, a maldição de sempre.

Preparação de chuva - nuvens carregadas.
                    De tão nefasta, a seca chega a nos dar saudades dos anos de boas chuvas... Nestes dias, nos quais mais uma vez o Nordeste padece com as agruras de, talvez, mais um ano de seca em sequência ao negro período de estio do ano que findou, vê-se avizinhar a certeza da tragédia da “terra calcinada” na qual esta região se transformará – local, onde não sobreviverá a maior parte da sua fauna e da flora. Restarão apenas alguns espécimes de vegetação nativa. Nas velhas caatingas somente serão ouvidos os cansativos e irritantes zumbidos das cigarras e o farfalhar fantasmagórico de galhos secos ao sabor dos açoites das fortes virações.  Deste quadro, o mais terrível é escutar o berro da dor da fome da inocente alimária que aos poucos, ofegantes, perdem suas vidas. É triste a constatação, por parte destes pobres animais, que as costumeiras e acolhedoras “Bebidas”, do refrigério de sempre, não mais existem. Mesmo assim, ficam estes inermes animais a cheirar a terra seca onde outrora houvera água. Este é o maior significado de saudade que já tomei conhecimento na minha modesta existência. É um sentimento sentido por um “Ser bruto”, que, do âmago das suas mais basilares necessidades, lembra a delícia e o bem que lhe fazia aquele precioso líquido. Estes animais, ante ao inevitável desastre, vão se exaurindo nas suas forças e extinguem-se. Não costumo criticar as forças naturais, mas diante desta miséria não me furto em dizer: que coisa estúpida!
Choveu pouco - pouca água no reservatório.
                       

                     Um dia destes caiu em minhas mãos um poema feito em decassílabos, que tinha um mote fabuloso: “O Nordeste se enfeita e se perfuma / Quando o pranto das nuvens se derrama". Ao tomar conhecimento deste mote perfeito, também o usei para, inspirado, fazer uma sincera poesia, uma glosa, já que a saudade de melhores dias se aloja no meu peito sertanejo, ensimesmado e macambúzio com mais esta tragédia climática que se abate sobre a nossa região. Vejamos:


Mote:
             O Nordeste se enfeita e se perfuma
             Quando o pranto das nuvens se derrama.
Glosa:
             Juramentos e propostas vêm “de ruma”,
             Em resposta aos efeitos pluviais,
             Veem-se ao vivo os amores Celestiais:
             O Nordeste se enfeita e se perfuma!
             E nas longas noites, de boa bruma,
             O desejo nordestino se inflama,
             No aconchego da rede ou da cama,
             Chispando vida nova, em centelhas:
             Um bater de sinos no barro das telhas,
             Quando o pranto das nuvens se derrama!...


Natal-RN, 18 de outubro de 2012.
      Gibson Azevedo – poeta.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

À mil maravilhas!...




 
Sucesso fenomenal! Foi o lançamento do livro do artista plástico Reinaldo Azevedo “Cangaço tatuado no traço”, Acontecido que teve lugar no clube de engenharia de Natal, no dia 20 de dezembro, na efervescência que antecedia aos festejos natalinos. Aquele sodalício encheu-se de gentes de todas as procedências da nossa comunidade. Desde os mais doutos – letrados intelectuais – aos amigos mais humildes, que lá se fizeram presentes e testemunharam a demonstração de preferência de todos, pelos traços firmes daquele homem simples no seu mister de retratar com gravuras feitas “a pico de pena” de indizível beleza, um fenômeno de convulsão social que ocorreu no Nordeste brasileiro e em menor número em outras regiões do Brasil, desde o século XVII, e que terminou por nos expor personagens de  bandoleiros arredios imortalizados com o nome de cangaceiros
                         Foi uma noite de autógrafos, inesquecível; para ficar na memória de muitos que estiveram presentes àquele evento. Bom papo, boa e farta música, performances “cangaceirísticas”, telões ilustrativos, etc.
                        O sobredito livro de caprichada edição, por sorte já deve estar à venda nas melhores casas do ramo (livrarias, bancas de jornal, cigarreiras e tabacarias, etc.) É recomendável não deixar para adquiri-lo muito tempo depois, sob pena de este esgotar–se rapidamente nesta edição inicial.

                       Destaco, logo abaixo, parte do texto de minha autoria, nele incluído, já que, com muito orgulho atendemos aos insistentes apelos do amigo Reinaldo para que prefaciássemos a sua obra. Observem:

... Enfim, vejo e sinto nos traços firmes do livro do Reinaldo, a usurpação de terras com cercas derrubadas; a cobrança, com sangue, da honra de donzelas ultrajadas. Percebo os sabores e os cheiros do melaço, do fumo de corda, o cheiro forte dos temperos, do couro curtido, dos suores. A queima do óleo da carrapateira; como também a do querosene - fonte constante de negros picumãs e demais tisnados. O incensar da queima do “explamacete” (espermacete) das velas, nas rudes celebrações litúrgicas. Pressinto a terra molhada a exalar o cheiro do mofumbal encharcado de chuva. Ouço durante o dia o trinado orquestral dos pássaros dos matos sertanejos, e o pio das aves agourentas, tão comuns nas noites escuras daquelas paragens...
                   
                           Natal-RN, 03 de janeiro de 2013.
                                                Gibson Azevedo - poeta.
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