quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Alumbramentos.

                          


           Sonhos,  alumbramentos de um homem maduro, há quase uma década. Nos idos de 2006.
           Eita, é verdade: "o tempo não pára"!...

                               





                                               Alumbramentos


O andar com requebros
marcados ao caminhar...
Mistérios descortinam-se a cada esquina,
ruas e cidades... Mundos a palmilhar...
Cheiros  e suores..., sinto,
"entre tantos",  só percebo os seus;
"entre muitos", só o seu "sorriso de ostras".
Sua pele diáfana...
De ameixas quase maduras...
(Brejeirices inocentes)...
Põe sopro ao lume, enfim,
de adormecidas imagens ternas...
Relutam em perguntar - em mim,
ouvindo o fru-fru das anáguas...
Fosse eu capaz de calmar
o teor piroclástico do teu regaço!... !...

       Natal - RN 19/nov./ 2014.
        Gibson Azevedo - poeta.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Ao colher a flor do sertão...



                                                                     Flor do sertão.



          O meu amigo e compadre Justiniano Siqueira, já falecido, mostrou-me certa feita, uma ideia de poesia e pediu-me o obséquio de, em parceria com ele, concluí-la, chegarmos a um bom termo. Deixou-me muito feliz aquele convite, vez que, sou sertanejo e amo minhas origens, e, as marchas e contramarchas deste folheto dão-se, da parte de personagens das paragens campesinas, das casas de pau-a-pique ou tijolos de terracota. Deste pacto de amigos, resultaram os rabiscos abaixo:


 Flor do sertão

Menina dos pés descalços...
Linda flor do meu sertão...
Duas tranças no cabelo
- Remate de laços,
Enfeites do mato -
A correr pelo sertão...
É bom poder sentir num forte abraço,
O bater pronto, apressado,
E esse quase cansaço
Do seu impulsivo coração...
Menina com os pés no chão.

Menina dos pés descalços...
Teu corpo suado e moreno
Meu sonho, minha ilusão
De lábios grossos, vermelhos em carmim,
Que disseram para mim:
Sou a sua perdição...
Divina desde então,
Menina com os pés no chão.

Menina dos pés descalços...
De saia solta, rendada,
Que ao girar deixa a mostras
Formidável balaustre - pernas grossas -,
Seus pés, vermelhos de barro,
Pisam plantinhas no chão.
Ôôôô, mundão!...
Tu és boneca e mulher, és encantada.
Respondes pra mim, oh amada!...
Rogo enfim:
Digas que sim
E nunca me digas não!...
Menina com os pés no chão...

Natal, 31 de maio de 2011.
Justiniano Siqueira
e
Gibson Azevedo

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Valsa fúnebre de Hermengarda.

           

              Saudade é uma distância que não tem jeito de encurtar ... É uma sensação de vazio que  nunca diminui. Coisas do pensamento...
             Caros amigos, mesmo lendo ou ouvindo alguém declamar do grande poeta alagoano Ledo Ivo, este singular poema, que creio ter ouvido mil vezes, mesmo assim não deixo de emocionar-me profundamente. É muita poesia definindo uma saudade: "Valsa fúnebre de Hermengarda!..."



                                      - Valsa fúnebre de Hermengarda -

Eis-me junto à tua sepultura, Hermengarda,
para chorar a carne pobre e pura que nenhum de nós viu apodrecer.

Outros viriam lúcidos e enlutados,
porém eu venho bêbado, Hermengarda, eu venho bêbado.
E se amanhã encontrarem a cruz de tua cova jogada ao chão
não foi a noite, Hermengarda, nem foi o vento.
Fui eu.
Quis amparar a minha embriaguez à tua cruz
e rolei ao chão onde repousas
coberta de boninas, triste embora.
Eis-me junto à tua cova, Hermengarda,
para chorar o nosso amor de sempre.
Não é a noite, Hermengarda, nem é o vento.
Sou eu.

                            Poeta Ledo Ivo
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