quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Lembranças.




            Os eventos vão e voltam obedecendo aos caprichos da nossa memória. Há poucos dias, ficou-me martelando o pensamento, a lembrança recorrente de uma expressiva poesia de autoria do meu querido amigo e poeta Marivaldo Ernesto dos Santos. Devo confessar que da referida não consegui lembrar o  título. Peço encarecidamente ao mestre “Mariva” que a intitule novamente para o nosso deleite, deleite de pobres mortais.
            Atendendo àquela insistência do meu subconsciente mostro, com muito prazer, a rainha das trovas (na minha modesta opinião) na visão daquele singular vate, de sensibilidade maiúscula. Observem:  

“ De que me vale a vitória
 Se ela representa a dor
Da taça cheia de glória
Do pranto do perdedor? ...”

   Marivaldo Ernesto dos Santos

Natal-RN, 26 de agosto de 2015.

       Gibson Azevedo da Costa.

sábado, 15 de agosto de 2015

Alecrim, um bairro popular que continua efervescente.


           
                                Existem nas grandes cidades, agrupamentos de ruas, alguns logradouros, determinados espaços urbanos que albergam algumas comunidades de pessoas que conservam muitos dos vários aspectos, das características dos povos dos seus arruados de origem e dos muitos viventes ali alocados. Alguns ali residem há muitos anos na nova morada, sem, contudo, perderem o jeitão brejeiro - bronco, por vezes – dos parceiros primitivos dos seus cantões de nascimento. Refiro-me a alguns bairros, que mesmo vivendo o avanço tecnológico dos tempos modernos, não abdicaram totalmente dos costumes ancestrais, pedaços do passado que teimam em nos acompanhar por caminhos longínquos, com muitas lembranças de eras medievais. É um encontro mágico do tempo: presentes no mesmo cadinho, o novo e o velho. Assim é o lugar... Assim é o seu povo. É assim o bairro do Alecrim.
Igreja de São Pedro.
                            O aspecto que mais caracteriza este povo é a vocação aparentemente fácil de buscar e consequentemente encontrar a felicidade... Sem maiores arrodeio, este Bem maior das sensações humanas se apegam imanentemente a estes entes simples. Como singelo também são os seus meios os quais estas pessoas utilizam para sentirem-se felizes. Falar do Alecrim e não falar do seu povo é o mesmo que pintamos um quadro de natureza morta. Se desperta algum interesse, este, não passa da técnica utilizada pelo artista. Não tem nenhum apelo popular. Trata-se de uma peça estranha... Quase alienígena.
                               Pois bem, dos viventes do Bairro do Alecrim, a maioria vinda do sertão do nosso Estado ou das grotas de outros entes federativos, também nordestinos, ou dalgumas regiões mais distantes como os militares da Marinha que servem na Base Naval de Natal  oriundos, repito, de outras plagas, herdou-se os costumes, a forma prática de enfrentarmos os obstáculos naturais do cotidiano. E no equacionamento rápido e eficiente destes óbices comezinhos gerou-se  a organização arquitetônica e topográfica daqueles logradouros público.
  
Feira Livre do Alecrim.

                             Sua gente? Ah!... São seres humanos fantásticos, sem mistérios! Seja na Feira, nas oficinas, nas igrejas, nos hospitais, no cemitério, nos colégios, no comercio – que é enorme -, nos eventos culturais etc., seus habitantes, com hábil desinibição, elucidam qualquer situação incômoda com desembaraço surpreendente. Isto é uma característica humana da luta pela sobrevivência... Aqui não podia ser diferente. É provável que se origine deste viés urbano, o zelo pelas tradições ainda presentes nestas comunidades. A história da nossa urbe, desde os primórdios de pequena província até dias atuais, quando a vemos com ares da maioridade de uma metrópole, sofre influência do antigo entreposto suburbano, “o saudoso Hotel Caiana”, do bairro Alecrim ainda incipiente. Nada ou ninguém chegava à Natal, exceto  por via férrea, aérea ou naval, que não passasse pelo crivo da recepção dos moradores e o do comércio do Alecrim. Assim sendo, não podemos deixar cair no esquecimento a história desta importante quadra habitada da nossa cidade.
Praça Gentil ferreira - Cruzamento do Relógio.
                             Surpreendeu-me em demasia a atitude de alguns abnegados das palavras, quando tiveram a feliz ideia de editarem uma matéria ( uma revista de cunho cultural) sobre aquele tradicional bairro enaltecendo seus valores , suas riquezas sociais, suas ilusões, seus objetivos..., sem que para isto visassem algum lucro  que lhes dessem vantagens... Fizeram-na com a vocação dos puros, salvaguardando o cabedal da memória da nossa cidade. Certamente serão lembrados pelos natalenses das futuras gerações. Que assim seja!... Foram eles: Maurifran Galvão, Fábio Henrique, Zenaide Castro, Edmo Sinedino, Rubens Lemos Filho, Fernando Quintiliano e outros... Nada poderá apagar a atitude deles: de transformar em realidade a vontade e os sonhos de alguns conterrâneos, que, infelizmente não possuíam coragem de ir à luta a transformar uma ideia em realidade.
                              Bravos! Vivas! Vocês encontraram-se com a HISTÓRIA e com o merecido garbo. Parabéns.
                                Natal-RN, 13 de agosto de 2015.
                                      Gibson Azevedo da Costa
                    – residente em Natal há quarenta e seis anos -.

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