quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Notícias da velha Campina Grande.

De um mote memorável, eis que surge uma glosa inédita. 

Biliu de Campina 
Com muito gosto aceitei, o convite do meu dileto amigo Marcone Chagas para comparecer neste sábado último, à noite, a sua residência, oportunidade na qual colocamos o nosso papo em dia. Conversa daqui, pondera de lá, isto tudo regado a uma cerveja estupidamente gelada escorada numa honesta paredezinha de queijo. Lá pras tantas, o nosso anfitrião colocou um DVD de um show de forró autêntico, de uma turma formidável sob a batuta do impagável Biliu de Campina, grupo musical de muito sucesso nas terras da Serra da Borborema. Grande cantor de coco, emboladas, martelos, xotes, xaxados e marchinhas. Sempre enaltecendo o compositor local: ele próprio, e nomes como Jackson do Pandeiro, Marinez e o inesquecível Luiz Gonzaga. Intermediando àquela apresentação, o falante Biliu, que também é engenheiro civil, fazia algumas citações de compositores paraibanos; alguns, pouco conhecidos da grande mídia. 

Raimundo Asfora 
Cito como exemplo, a referência feita por diversas vezes ao grande tribuno nordestino Raimundo Asfora, que para minha surpresa é co-autor de muitas músicas consagradas do cancioneiro nordestino. Este cidadão morreu envolvido numa áurea de mistério, desde que o seu corpo foi encontrado em sua granja, zona rural de Campina Grande, e desde lá, nunca foi dado alguma explicação convincente daquele episódio, que na pressa tratou-se como sendo um suicídio. Ele era à época vice-governador da Paraíba, mesmo assim, não foi dado o devido cuidado às investigações daquele estranho acontecimento. Bom! O fato é que ele era um poeta popular de muito destaque, e em certo momento daquela memorável apresentação, Biliu lembrou um famoso mote (Eu vou enganar a morte / e vou viver depois dela) que Asfora deu para o poeta Dimas Batista versejar, tendo ele como base. Confesso que não memorizei a tal glosa. No entanto, ousei, mesmo depois de muitos anos, meter o meu bedelho poético e glosar no citado mote. Vejamos:

 Mote:
Eu vou enganar a morte
E vou viver depois dela.

Glosa:
Não é que muito me importe,
Se vou agora ou depois,
Porém neste jogo, a dois,
Eu vou enganar a morte.
Não é caso de ter sorte,
Astúcia ou escapadela,
Vou galopando na sela
Do destino, em disparada,
Para o além da virada...
E vou viver depois dela!

Natal-RN, 01/ fev./2012
Gibson Azevedo - poeta.

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