quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O fardo

Dias destes, um grande amigo e querido primo, Janduy Azevedo, me enviou via email algumas quadrinhas, de autor desconhecido, que desnudavam o descontentamento do poeta quanto ao relacionamento dos seres vivos na nossa madre Terra. O motivo do tal email, acredito, foi o de instigar-me a versejar sobre o tema. Alguns amigos têm o mesmo comportamento.
Bem, o teor do citado poema é satírico e também fescenino, quando utiliza uma gíria, muito comum em nosso País, que significa a exploração sistemática de alguns seres por outros. É o protesto e a denúncia destas distorções sociais. Seleciono duas, como exemplo:

Parece que a natureza
Vem a todos nos dizer,
Que vivemos neste Mundo
Somente para foder...
* * *
É uma Terra danada,
Um paraíso perdido
Onde todo mundo fode,
Onde todo mundo é fodido...

Todo poeta gosta de uma cordinha... , eu não me fiz de rogado e mandei uma décima. Ei-la:

O fardo

Atroz (foda) é a própria vida...
É fado de quem está vivo,
Pois, mesmo o moço altivo,
Terá a robustez sumida...
Numa tragédia cumprida,
Contrário a sua vontade.
Eis a grenha da verdade:
Viver é sempre um perder...
Esvai-se, desde o nascer,
A vida, em qualquer idade!

Natal-RN, 20/nov./2009
Gibson Azevedo - poeta

3 comentários:

Poeta do Penedo disse...

belo, mas sombrio, de difícil aceitação, mas verdadeiro, este seu poema. Belo e verdadeiro dirá com facilidade quem está jovem e o leia. Sombrio e de difícil aceitação o sente quem já foi alguém a explodir de vitalidade,e que se encontra agora na fase descendente da escadaria da vida. Resta-me a consolação de estar convicto de que cada idade tem as suas próprias belezas e alegrias. Talvez fosse bom que, a partir de uma certa idade, deixassem de existir espelhos. Apenas nos veríamos por dentro e assim nos continuaríamos a sentir jovens, porque por dentro continuamos a ser os mesmos que sempre fomos.

Um grande abraço amigo Gibson.
Fareleira Gomes

Gibson Azevedo disse...

Caro amigo, tu que és um poeta, sabes muito bem que quando a inspiração nos chega, e quase que independente de nossa vontade, as situações são posta no papel; não nos cabendo, honestamente, retocá-las para não ferir a alma da arte(que muitas vezes,creio,não nos pertence). Daí surgirem alguns poemas trágicos..., sombrios..., tristes...
Não é nossa culpa. Sei que você me entende.
Abraços de cá do atlântico.

Sândrio cândido. disse...

concordo em muito que este e belo mas tambem concordo que as vezes aceitar o tempo é mais dificil que aceitar a existência divina...

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