sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O lero voltou.


O lero Voltou

                     “Há mais de 50 anos que a região do Seridó escuta o mesmo papo furado. A Barragem de Oiticica agora vai. Só lero dos putos dos políticos. Nada. Agora com a porra da seca, o lero lero dos fuleiros voltou. Vão se foder!”
            
                       Ao ler o desabafo que cuidei ser do jornalista Clóvis Pituleira, fiquei ensimesmado com a inusitada matéria. Até porque, protesta coberto de razão, pois  que o assunto somente agora volta ao interesse da mídia, sendo revirado por muitos dos nossos representantes políticos, como também por uma corja maldita que se diz representante social e classista, quando na realidade não passam de chefetes de grupelhos que se aproveitam dos caprichos climáticos milenares que de forma episódica ceifam as riquezas da vida do semi-árido nordestino, para fazerem estardalhaços - pirotecnia argumentativa – nos  intervalos críticos e periódicos dos longos estios, entre as regras chuvosas no clima incerto do nosso querido Seridó. Aproveito a justa indignação do citado jornalista com o descaramento destes conhecidos párias, que só se pronunciam nestes momentos de fragilidade da nossa população, acudindo-a com promessas vãs e frases ocas que, iminente, desaparecem com os primeiros prenúncios de chuva, para solidariamente meter o meu bedelho. E para saudar esta revolta do amigo Pituleira, aí vai uma glosa de minha autoria, no estilo Zé Limeira (poeta do absurdo) para explicar este fenômeno de pouca vergonha que acomete aos nossos políticos nestes períodos de escassez de chuvas.


Mote:
Barragem de Oiticica
Com certeza, agora vai...

Glosa:
Só se a praga do Mojica,
O velho Zé do Caixão...
Soltou outra xingação:
“Barragem da Oiticica”!...
O doido de Antõe Peitica
No esquecimento não cai:
Mocinhas gritavam ai!...
Meninos berravam ui!...
Se esse lero não alui
“Com certeza, agora vai!”

PS. Se vai?... Natal-RN 05/dez/2012.
           Gibson Azevedo – poeta
      (Abraços aos amigos de Caicó)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Lançamento de Livro.





        

                                                        Lançamento de Livro                             

                                     Amanhã dia 20 de dezembro de 2012, na sede do Clube de Engenharia à Av. Rodrigues Alves, nesta capital, às 18 horas, será feito o lançamento, com os  costumeiros autógrafos, do livro, “CANGAÇO – Tatuado no traço”, do artista plástico multifacetado Reinaldo Azevedo que editou , neste caprichado volume, uma série enorme de gravuras, feitas a bico de pena, sobre um tema genuinamente nordestino, mostrando em detalhes este fenômeno acontecido a margem da lei - que pouco existia- na rudeza dos sertões dos séculos passados.
                                   Vamos lá, gente boa! É coisa feita com muito esmero..., irretocável! É uma criação de quem muito entende sobre assunto. Vale à pena comparecer.

                                    Natal-RN 19 de dezembro de 2012.
                                             Gibson Azevedo – Poeta.
                       

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O mestre Geraldo Lobo.



O Lobo do povo num ameno "convercê".

                                   O mestre Geraldo lobo, Lobinho, Lobo do Povo como era mais conhecido, era um cidadão palrador por vezes em demasia. Era, porem, muito querido pelos seus concidadãos. Nas suas andanças e caminhadas, sempre as fazia a Aristóteles, com o hábito peripatético conversando ou declamando um pseudo-discurso cheio de palavras arrevesadas, a maioria, obra de sua criação. Pena que o nosso idioma pouco permite os novos termos - neologismos.  Desperdiça-se com isto uma grande riqueza de novos verbetes.  Adorava fazer discursos. Por qualquer motivo... E quando no meio dalguma de suas falas notava na assistência algum burburinho de conversas paralelas, irritava-se e advertia: “Silênço, minino! Quem ta falano agora é um homi!” Não raro ele ameaçava não continuar com a sua oração, mas que, era imediatamente acalmado pelas desculpas salvadoras e desta maneira o” improviso” continuava...  O Lobo não tinha uma profissão definida. Dizem os mais velhos do Lugar - Jardim do Seridó-RN -, que quando ele era jovem gozava de muita saúde. Exercia a função de carregador d’água para o Jardim Hotel, sendo, à época, um homem muito forte, de muita força. Entretanto, a vida tem os seus próprios caprichos e quando menos se esperou, a Tísica tolheu a saúde daquele titã. Não podendo mais trabalhar naquele serviço braçal, mais recomendado aos organismos mais fornidos dos Cabras mais parrudos, Lobinho, por sobrevivência, dedicou-se aos afazeres mais adequados a um organismo mirrado, ainda mais, sendo um homem analfabeto. Dedicou-se a pedir ajuda aos amigos e conhecidos, ser portador de alguns recados, passava algumas rifas e... , poucos sabem, agenciava algumas mulheres de vida fácil ou casadas enrustidas que viviam vida dupla. Era verdadeiramente um sobrevivente!... Apesar disto, nunca se furtou em ajudar aos menos afortunados do que ele. Muitos Jardinenses receberam algumas gentilezas dos seus favores.
                                 Geraldo Lobo era um excelente contador de “causos”, muitos deles difícil de acreditar. Por exemplo: dos tempos nos quais era funcionário do Jardim Hotel no abastecimento d’água, contava-nos que presenciou o coletor Federal conhecido por Fragoso, bêbado que só um gambá, no salão principal daquele arranchamento, em pleno domingo de carnaval, agarrado aos testículos do Juiz de Direito, o Dr. Hilarino, balançando o  corpo como se dançasse, cantarolando “a Jardineira”. Afiançava que de longe se ouvia os gritos do importunado magistrado: “Solta meus o---, Fragoso!”
                           Lobinho tinha seus momentos de afobação...  Na década de sessenta, após uma campanha política acirrada, a cidade ficou em pé de guerra com as famílias se estranhando, tornando-se hábito, de parte da população, a desobediência civil. Neste clima, chegou um novo delegado de polícia com o aval do novo governo para tomar as medidas que fossem necessárias, legais ou não, para restabelecer a ordem pública. O Ten. Costa tomou medidas as mais arbitrárias que se podia imaginar e implantou-as àquela pequena comuna. Ficaram proibidos: serenatas; ajuntamentos; manifestações, mesmos as espontâneas; instituiu o antipático “toque de recolher”, rasgando desta forma o direito constitucional de ir e vir; e ai de quem desobedecesse a suas esdrúxulas determinações!...  Neste seu calhamaço de medidas proibiu também que se passassem rifas, visando com isto prejudicar Geraldo Lobo, adversário que era da nova Ordem. Como Lobinho não o obedeceu, determinou a seus asseclas que o prendessem. Não havendo maiores motivos legais para mantê-lo cativo, relaxou a prisão e o libertou. No momento da sua soltura, Lobinho virou-se para o delegado e disse: “É melhor o Sr. não perder seu tempo e mandar logo um soldado me prender novamente, pois, agora mesmo, eu vou passar outra rifa!”  Não foi mais importunado. Entretanto, como ele gastava de botar apelido nas outras pessoas, quando lhe perguntaram pelo novo delegado, ele por deboche respondeu: “É um Ponche Salobro!” O delegado Costa, daí em diante, até o momento que sumiu daquele município, ficou conhecido pela alcunha de Ponche Salobro. Bem feito, ninguém pode mandar em tudo!
                       Certa vez presenciei, na loja da COFAN, uma discussão do Lobo do povo com um vereador de Ouro Branco, que eu não recordo o nome, e que aparentemente estava alcoolizado. O edil ourobranquense, falando meio fanho, disse que Cortês Pereira – governador do Estado - era um safado, quando Lobinho protestou dizendo que o safado era ele. O parlamentar reagiu querendo ir às “vias de fato”, mas neste instante Lobaço o aberturou (aberturar significa imobilizar o adversário segurando-o com força pela parte da frente do colarinho da camisa, ao nível do pescoço), jogando-o por cima de umas lâminas de arado, que estavam estocadas a um canto da sala e bradou: “Ói, Seu Papangu, você se empine e num venha!...”
                           Por sorte, aquele entrevero foi acalmado por alguns populares que se encontravam no local. Jamais me esqueço daquela singular porfia...
                            Eita Jardim que não volta mais!
            
          
                            Natal-RN, 11 de dezembro de2012.
                                     Gibson Azevedo – poeta.
        

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Foi-se o grande Oscar.





Foi-se o grande Oscar.


                   Lembrei-me de ter visto um destaque no facebook, feito pelo meu amigo e colega José Tarcísio de Medeiros (Zezito), sobre o lançamento de um livro de fotografias sobre o Brasil, feito por vários fotógrafos de destaque nacional e alguns mundialmente famosos. Trata-se do livro “Um olhar sobre o Brasil - a fotografia na construção da imagem da Nação de 1833 a 2003". São 170 anos de fotografias no Brasil desde D. Pedro II, no período imperial.  Lançamento da “Editora Objetiva”, assinado por Boris Kossoy e Lídia Moritz Schwarcz, como contribuição e direção respectivamente. Neste exemplar, temos trabalhos fotográficos de Ademar Gogim, José Bessit, Milton Guran e outras 24 pessoas. Imperdível! Confiram.
                      Entretanto, o que mais me chamou a atenção, no citado livro, foi a foto da Capa, na qual vemos os “candangos” – brasileiros simples, de todas as regiões do Brasil, que se deslocaram ao planalto central para, com sua fé e força de trabalho, construírem Brasília – no dia da inauguração daquela obra magnífica, subindo e descendo a rampa do Congresso Nacional, na praça dos três Poderes, mostrando o seu orgulho estampado nas suas toscas figuras de homens simples. Para lá se deslocaram, nos fins dos anos cinquenta, homens e mulheres de todos os recantos e, sob a batuta de um grande Estadista (Juscelino Kubitschek), não tiveram dúvidas em ousar..., pois tornaram possível, com a ajuda inestimável desta monumental força de trabalho, que os sonhos de Oscar Niemeyer e do urbanista Lúcio Costa saíssem da gaveta e se tornassem realidade. Pela primeira vez, naquele longínquo mil novecentos e sessenta, o mundo parou para admirar este povo moreno que habitava um desconhecido país banhado pelo Atlântico Sul. Por coincidência, hoje prestamos as justas homenagens fúnebres ao grande arquiteto do século passado, que deu ao concreto a leveza que se julgava impossível até o momento que apareceram as suas primeiras obras.
Niemeyer ainda jovem na fase de construção de Brasília
                                     Ele pontilhou a nova Capital com monumentos em forma de palácios, que emudeceram  as correntes da arquitetura convencional que teimava em usar  formas dos cansados e pesados caixotes, que pouco ou nada alegrava a observação dos homens daqueles tempos. Com Brasília tivemos realmente a ideia do que significava ser moderno. Algumas mentes privilegiada de então comentaram, que a primeira impressão que teria quem adentrasse à Brasília pela primeira vez, seria a de estar entrando em contato com um novo planeta, em outra parte do universo.
                         Que descanse em paz, oh grande Oscar! Que nestas suas exéquias, que ora acontecem, se entoe os mais justos e sentidos réquiens.

       
             Natal-RN, 06 de dezembro de 2012.
                    Gibson Azevedo – poeta.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Será que Ariano viu?


Grande poeta e amigo Marivaldo Ernesto dos Santos
           Recebi um email carinhoso de um grande amigo Marivaldo Ernesto dos Santos, "grão poeta" das terras do Cuité- PB, que fazia referência a uma glosa de minha autoria,  a qual envolve a figura do grande Ariano Suassuna, na autenticidade, na sua desmedida e sincera intransigência  no que se refere a manutenção da pureza do nosso querido idioma. Ariano abomina a ideia de dialetarmos a nossa Língua.
            Esta poesia está para completar um ano que foi concebida e publicada, via internet. No meio desta citada missiva, ele faz alguns mimos à minha pessoa que eu deixo por conta da nossa grande amizade e que humilde, respondi: - Meu caro amigo e quase primo Mariva, deste jeito você me encabula!
             Ei-la na integra:
              "Um dia destes nós discutia-mos os fundamentos da rima e da métrica essenciais na poesia de raiz... Hoje você afronta, digo desponta, como um dos melhores poetas do RN, merecedor de reconhecimento e acento no Olimpo Potiguar.
(Recordando. Será que Ariano viu???. Vai fazer um ano.)

Mote:
             Eu não troco o meu “oxente”
             Pelo o “Ok” de Ninguém.
Glosa:
            Só se eu fosse um demente,
             Metido à besta, um frescote...
             Mesmo lanhado a chicote 
             Eu não troco o meu “oxente”.
             Sou um homem diferente,
             Nem a tudo digo amém...
             Ouço com muito desdém,
             Um falar desaprumado...
             Não vou ser apalermado
             Pelo o “OK” de ninguém!

Natal-RN, 12/dez./ 2011
Gibson Azevedo – poeta. (Vai fazer um ano.)"



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