sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Comentando a pedofilia

Aqui, caros leitores, para descontrair de assuntos tão sérios e tristes do passado, publico, numa linha de cunho fescenino, uma glosa de minha lavra que lamentavelmente satiriza a Igreja; mais por culpa da conduta de alguns padres - as mais condenáveis que se possa imaginar -, do que dos seus dogmas propriamente dito.Vejam através da fotografia da capa do célebre livro de um dos maiores, senão o maior, escritores da língua portuguesa, que a "Santa Madre" já sofria, à época, severas críticas de alguns renomados intelectuais. Atualmente, parece não existir nada de novo... É isto!


Mote:

De Bento ou de Benedito

Virou Bordel, a Igreja.

Glosa:

“Mais vale o que está escrito”,

Diz o antigo preceito,

Pra escorraçar o malfeito

De Bento ou de Benedito.

“Fica o dito por não dito”,

Naquela feia peleja...

Depois que estampou na “Veja”,

Como se fosse um castigo:

Padre, virou Papa-figo

- Virou bordel, a Igreja!


Natal-RN, 19/04/2010.

Gibson Azevedo - poeta

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Últimas migalhas do crepúsculo dos deuses.


Aqui, as últimas migalhas do “Crepúsculo dos deuses?

... Outra anomalia aconteceu, quando surgiu naquelas plagas, como obra do acaso, duas marmotas que diziam serem mulheres, mas que para tal não levavam o menor jeito. Podiam facilmente passar por travestis horrorosos! Estas nada faziam, só espionavam. Eram muito retraídas, não falavam com ninguém e pouco saiam de casa; e quando saiam, faziam-no de forma furtiva, esquivando-se de perguntas e olhares inquiridores. Apesar destes cuidados, era impossível que aquelas “alemoas”- pois era assim chamadas pelo povo simples do lugar – passassem desapercebidas. Eram de aspecto desagradável: cabelos ralos e finos; muito ossudas com os membros compridos em demasia. Pés enormes...; os rostos e os pescoços davam a impressão de terem sido estirados à força. Usavam roupas de excessivo mau gosto; e quando caminhavam, era como se víssemos um trotar de pangarés. Coisa horrorosa!... Sem quadril – descadeiradas – impossível não serem notadas. Evidenciavam-se às diferenças, delas, para as nossas cabrochas (naturalmente alegres; trigueiras ou morenas, abundantemente cheias de curvas).

Essas alemãs sumiram, assim como somem as visagens: subitamente! Não deixaram o menor vestígio de suas passagens pelo Seridó. Não contribuíram com nada; a não ser com o inusitado aspecto desagradável e desenxabido de suas pessoas, na pitoresca paisagem do semi-árido nordestino.

* * *

Houve sim, nestas décadas, motivos mais que suficientes, para ofuscar o brilho daquela casta de astros maiores, daquele ilusório firmamento geográfico.

Para completar o ruir destes castelos de cartas, numa manhã comum deste início de milênio – agora, a poucos meses – olhando para a televisão, vimos uma notícia catástrofe: “ atentado em Nova York!” Aquilo misturou-se, momentaneamente, com as imagens fictícias do cinema e dos jogos eletrônicos, que eles mesmos espalharam pelo mundo em troca do lucro fácil. Estas banalizaram a violência de tal forma na sua propaganda cibernética, que chegamos ao ponto de, por instantes, num momento de tragédia, não reconhecermos a verdade.

A grosso modo, o que vimos naquela fatídica manhã, foi o começo da titânica queda de um gigante – que tinha, porém, os pés de barro -, inapelavelmente ferido de morte. Seria uma nova Tróia? Traída que fora por forças internas, ocultas num cavalo de madeira? Apesar do perigo desta nova ruína ter vindo via umas “águias de aço”, poderá a história, com algumas diferenças, se repetir?

Resta-nos lembrar e meditar..., debruçados sobre uma ideia em forma de sentença, já há muito desgastada pelo excessivo uso..., porém, ainda teimosamente útil: “Quem viver, verá!”

Natal-RN, dezembro de 2001.

Gibson Azevedo da Costa

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Mais um pouco de Crepúsculo dos deuses...


....Um duro golpe, para o culto costumeiramente devotado a essas nações foi, a morte de Kennedy, Presidente Norte Americano; chacina ocorrida na cidade de Dallas, quando desfilava em carro aberto em plena campanha eleitoral à sua reeleição – vitória, em tal recondução, dada como certa. Aquele horrendo episódio foi testemunhado pelo mundo inteiro, através dumas tomadas cinematográficas, tão perfeitas, que até parecia ter havido algum ensaio antes do fato consumado. Todavia, a sensação frustrante daqueles nefastos acontecimentos, veio com os grosseiros resquícios de vilania que verteram daquele “cardo”, que foram: as investigações efetuadas pela polícia de Dallas e na seqüência pela CIA e pelo FBI; onde apontaram, cinicamente, isoladas suspeitas para a figura patética de um único homem – um inocente útil. Sabia-se àquela época e sabe-se hoje, que houve, naquele fatídico dia, uma execução em fogo cruzado, com vários atiradores agindo simultaneamente. Naquele desaguadouro de sangue, veio também a covarde execução pública de dois líderes populares, de brilho incomum, e que apesar de terem as suas vidas ceifadas prematuramente ao sabor da covardia, são lembrados com saudade até agora. Ficou das mortes do líder negro Martin Luter King e do candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, o Senador Robert Kennedy – mortes ocorridas muito próximas uma da outra -, a sensação das gestações abortadas, daquilo que poderia ter sido e não foi... Isto tudo contribuiu, para desgastar, ainda mais, a decantada e infalível imagem dos semideuses do hemisfério norte.

* * *

No restante dos anos sessenta, apareceram por Caicó outros indivíduos de atividades incertas, ambíguas - ocupações, deveras, duvidosas. Nossos avós comentavam, que tais pessoas - estrangeiros que não conseguiam, convincentemente, explicar quais às suas atividades em terras estranhas -, eram pertencentes a uma tal de “quinta coluna”; que nada mais era, senão um esforço de espionagem daquelas nações poderosas.

Surgiu certo dia, como vindo do nada, um sujeito jovem, Ianque, com uma excessiva cara de bobo, dizendo-se pertencer a um certo “exército da paz”; esmerava-se com afinco na atividade de “encangar grilo”. Saía às ruas tentando, desajeitadamente, participar da vida do caicoense, sem ter, todavia, a mais tênue vocação para uma existência laboriosa – certamente, não era essa a sua função.

Passou por ali um bom par de anos, observou tudo, anotou alguns detalhes, sumindo em seguida sem deixar rastros, e, como era de se esperar, não deixou nenhuma saudade...

Natal-RN, dezembro de 2001.

Gibson Azevedo da Costa

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Crepúsculo dos deuses...

Depois do primeiro impacto negativo que nos causaram aqueles dois técnicos meteorologistas de aparências tão relaxada, exibindo uns fenótipos em desordem, de causar asco, acontecido no saguão do Hotel Avenida de Caicó, cidade Rainha do Seridó, seguiram-se outros encontros decepcionantes com personagens, digamos bizarras, daquelas terras tão decantadas localizadas acima do Trópico de Câncer, já afastadas da Linha do Equador. Estes novos encontros ratificaram, infelizmente, o desapontamento causado pelo primeiro deles.


Vejamos mais um pouquinho do Crepúsculo dos deuses:


...Outra situação interessante aconteceu por ocasião da instalação dos aparelhos transmissores na implantação da Emissora de Educação Rural de Caicó; um dos muitos investimentos de alcance social na região do Seridó-RN, de iniciativa da Diocese de Caicó. Pois bem, quando precisaram de um técnico para instalar os transmissores e uma antena de setenta e cinco metros de altura, apareceu de repente uma figura, também estranha, destoante naquela paisagem bucólica, da pequena cidade seridoense, nos bons anos da década de sessenta. Tratava-se de um Engenheiro russo chamado Dimitri, que, segundo dizia, havia fugido ainda jovem da Rússia comunista, durante a segunda guerra mundial. Era um sujeito alto e forte, muito branco, barbudo, com cabelos ruivos; fumava um cachimbo enorme que parecia um saxofone, e falava um portunhol ruim aos ouvidos. A salvação era que ele gesticulava muito, à medida que falava; do contrário, ninguém entenderia nada do que ele dissesse. (Dimitri teve a sua disposição, durante todo o período de instalação daqueles equipamentos, um excelente técnico seridoense em eletrônica rudimentar daqueles tempos, e que se tornaria funcionário exemplar da emissora por toda vida funcional, chamado Moacir Maurício Dantas). Aquele indivíduo de terras distantes, por ser ativo e lépido, e parecer ser muito inteligente, trabalhar numa profissão diferente e desconhecida até então, ganhou naturalmente a simpatia da garotada, que passou a admirá-lo. Aquele sim!... Era um verdadeiro herói! E falava diferente...

Em alguns dias, porém, ele deitou por terra toda a admiração que tinha adquirido até ali; devido uma medida, por ele sugerida, de eletrificar a antena, ainda inacabada, com o intuito de afastar os meninos curiosos daquele local de trabalho. É certo que, talvez atrapalhássemos o bom andamento daquele grosseiro cronograma, mas isto não seria motivo para por em risco vidas humanas, vidas inocentes. Dizem que uma criança morreu eletrocutada. Aí reside a dúvida: se esta morte ocorreu por causa daquela ideia maluca, ou se, de fato, houve, mesmo com o controle das medidas de segurança, a presença sinistra do imponderável.

Na verdade o povo russo, para os caicoenses que tomaram ciência destes fatos, perdeu um pouco da graça, do encanto e da admiração, que lhes devotavam aquelas humildes criaturas, que viviam na bondade de Deus, ao longo daqueles anos.

Fica aqui, como registro, a data da inauguração da Emissora de Educação Rural de Caicó: 1º de maio de 1963...

(Vemos nesta foto histórica o bispo da Diocese de Caicó, Dom Manuel Tavares de Araújo, dando as bênçãos inaugurais daquele importante veículo de comunicação para a região do Seridó).


(Aqui nesta outra tomada fotográfica vemos os pioneiros de ambos os sexos junto ao seu primeiro diretor o Padre e intelectual Itan Pereira. Notamos a presença de Evilásio, Pedro Celestino, Moacir Maurício Dantas, José Gerôncio, Neto Damásio, Getúlio Costa, Moacir Pinheiro, Alcimar de Almeida e Paulo Celestino. Das moças não me recordo os seus nomes).

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Crepúsculo dos deuses?



Coloco, humildemente, parte de um texto de minha autoria para a isenta apreciação dos senhores, caríssimos leitores. Almejo tudo! Nenhuma condescendência, no entanto!



Foto comemorativa aos cem anos desta ilustre figura humana(In memoriam).




Crepúsculo dos deuses?


Passaram-se os tempos, momentos..., que não foram poucos. Foram anos bem medidos nas mensurações das existências, marcações indeléveis nos arquivos da memória, aquela que rege o tanger do mundo. E o tempo? Essa medida inventada nos dá uma pálida ideia da nossa insignificância. Vivemos frações ínfimas das temporais grandezas cósmicas, e, mesmo assim, sentimo-nos como tendo vivido um longo período de tempo. Ledo engano! Muito embora, este grosseiro engano, permita-nos a ilusão de termos adquirido alguma experiência, qualidade importantíssima – diríamos vital - no exercício da sobrevivência. Habituamo-nos a admirar na vivência do dia a dia – nós que éramos produto de um Seridó remoto e ignorante – de pessoas oriundas de países inacreditáveis, localizados em lugar incerto, acima da linha do Equador. Assim pensávamos..., éramos crianças... Destes países chegavam notícias através de rádios antigos, aqueles dos incríveis olhos mágicos, que reproduziam as mensagens sonoras e os muitos chiados da energia estática. Aquelas notícias divulgadas por emissoras distantes, eram geralmente captadas pela metade, incompletas, por culpa da fuga do sinal sonoro; o que nos obrigava a um grande exercício de dedução lógica – pouco recomendável – para entendermos “mais ou menos” a mensagem na íntegra. Na realidade, tanto as notícias do rádio quanto as das revistas e jornais, eram assuntos complexos de responsabilidade dos parentes mais velhos: pais tios e avós; o que contribuíam para tornar essas terras ainda mais distantes, fora..., bem fora do nosso mundo. Lá sim, era um mundo de heróis! Assim era divulgado e assim era cultuado. Alguns poucos cidadãos nossos, que tiveram por sorte ou por posses – os da igreja, os herdeiros latifundiários ou os empresários da indústria da seca – a oportunidade de viajar por algum país de sucesso, pós revolução industrial, quando voltavam às suas acanhadas urbes, divulgavam ideias de que nosso país estaria atrasado culturalmente, em relação àquelas potências, em pelo menos uns cem anos. Seria possível um absurdo deste? A princípio, ficávamos lívidos sem acreditarmos que tal coisa pudesse ser verdadeira; no entanto, eram pessoas amantes da verdade – ao menos na aparência -, os arautos daquelas esquisitices. Só podia ser verdade! Não havia outro jeito... Passavam-nos a ideia da existência, alhures, de uma sociedade infalível, onde imperava um implacável código de justiça,e nem as poderosas forças da natureza seriam capazes de vencê-la. Não conhecíamos até então nenhum espécime daquelas badaladas raças de homens fortes.

Mas eis que num dia, na década de cinquenta, apareceu no Hotel Avenida, situado no centro de Caicó, dois sujeitos esquisitos, usando umas ridículas “calças curtas”, portando umas mochilas estranhas; usavam sapatos de manufatura incomum, barbas e cabelos malcuidados, exalando uma morrinha nauseabunda. Provavelmente, por falta de asseio por vários dias. Alem do mais, falavam um idioma estranho, “uma fala" que mais parecia os sons guturais – um ronronar – de uma gata no cio. Este fato, mais que bizarro, já estava “juntando menino”, e também, por curiosidade, alguns populares.

“Chega... Quilon! Avía home, vá lá no Ginásio procurar Monsenhor Walfredo pra vê se ele desata esse nó!” – gritava Dona Oscarlinda, sua esposa. “Parecem dois carros atolados; nem para frente, nem pra trás!”

Quilon Batista, hoteleiro naqueles tempos, apressou-se, num “carro de praça” de propriedade do Sr. Chico Mamão, à procura do Mons. Walfredo Gurgel, que era um dos poucos, senão o único poliglota daquelas bandas.

Ao descer do carro à frente do Hotel, a figura imponente do Mons. Walfredo, que impunha respeito com muita naturalidade, foi, como que, aclamado pelos curiosos que se afastaram para ele passar. “Chegou o Monsenhor!” – Diziam alguns.

Aquele religioso já havia residido no velho mundo, sendo, portanto, fluente em alguns idiomas do mundo ocidental. Ao que parece se comunicou em francês com os dois estranhos comparsas, notando que tratavam-se de dois técnicos meteorologistas, que estudavam o clima dos sertões nordestino, com o beneplácito, o aval do Governo Federal. Explicou aos mesmos a rotina do Hotel, principalmente o horário das refeições. Reivindicou, no entanto, à paciente Dona Oscarlinda, um banho para aqueles estranhos senhores; pois que as narinas dos que estavam presentes, denunciavam tratar-se de medida urgente.

Tudo resolvido! A partir deste episódio, a rotina voltou e reinar naquela pequena urbe; mas, dentro de nós, pequenos seres naqueles dias, ficava a primeira sensação de decepção com o aspecto desorganizado daqueles homens, que vinham de um país – segundo diziam – bem mais adiantado que o nosso...

Natal-RN, dezembro de 2001.

Gibson Azevedo da Costa

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