segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Últimas migalhas do crepúsculo dos deuses.


Aqui, as últimas migalhas do “Crepúsculo dos deuses?

... Outra anomalia aconteceu, quando surgiu naquelas plagas, como obra do acaso, duas marmotas que diziam serem mulheres, mas que para tal não levavam o menor jeito. Podiam facilmente passar por travestis horrorosos! Estas nada faziam, só espionavam. Eram muito retraídas, não falavam com ninguém e pouco saiam de casa; e quando saiam, faziam-no de forma furtiva, esquivando-se de perguntas e olhares inquiridores. Apesar destes cuidados, era impossível que aquelas “alemoas”- pois era assim chamadas pelo povo simples do lugar – passassem desapercebidas. Eram de aspecto desagradável: cabelos ralos e finos; muito ossudas com os membros compridos em demasia. Pés enormes...; os rostos e os pescoços davam a impressão de terem sido estirados à força. Usavam roupas de excessivo mau gosto; e quando caminhavam, era como se víssemos um trotar de pangarés. Coisa horrorosa!... Sem quadril – descadeiradas – impossível não serem notadas. Evidenciavam-se às diferenças, delas, para as nossas cabrochas (naturalmente alegres; trigueiras ou morenas, abundantemente cheias de curvas).

Essas alemãs sumiram, assim como somem as visagens: subitamente! Não deixaram o menor vestígio de suas passagens pelo Seridó. Não contribuíram com nada; a não ser com o inusitado aspecto desagradável e desenxabido de suas pessoas, na pitoresca paisagem do semi-árido nordestino.

* * *

Houve sim, nestas décadas, motivos mais que suficientes, para ofuscar o brilho daquela casta de astros maiores, daquele ilusório firmamento geográfico.

Para completar o ruir destes castelos de cartas, numa manhã comum deste início de milênio – agora, a poucos meses – olhando para a televisão, vimos uma notícia catástrofe: “ atentado em Nova York!” Aquilo misturou-se, momentaneamente, com as imagens fictícias do cinema e dos jogos eletrônicos, que eles mesmos espalharam pelo mundo em troca do lucro fácil. Estas banalizaram a violência de tal forma na sua propaganda cibernética, que chegamos ao ponto de, por instantes, num momento de tragédia, não reconhecermos a verdade.

A grosso modo, o que vimos naquela fatídica manhã, foi o começo da titânica queda de um gigante – que tinha, porém, os pés de barro -, inapelavelmente ferido de morte. Seria uma nova Tróia? Traída que fora por forças internas, ocultas num cavalo de madeira? Apesar do perigo desta nova ruína ter vindo via umas “águias de aço”, poderá a história, com algumas diferenças, se repetir?

Resta-nos lembrar e meditar..., debruçados sobre uma ideia em forma de sentença, já há muito desgastada pelo excessivo uso..., porém, ainda teimosamente útil: “Quem viver, verá!”

Natal-RN, dezembro de 2001.

Gibson Azevedo da Costa

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