Desencanto:
buaahh!!!...
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Fim da farra, quem diria!... |
“Chorar é melhor da cama, que é lugar quente”!... Sábias palavras de
domínio público cuja autoria se perde no tempo, mas nem por isto menos
verdadeiras, menos atuais. É resumo brilhantíssimo do saber da experiência
humana. Segui à risca, na prática, o seu real significado, não expus ao
ridículo as minhas emoções, as minhas tristezas, os meus medos, a minha
decepção, o meu pranto... Assisti a derrocada previamente anunciada, deitado na
minha redinha de dormir, local predileto à distensão de minhas canseiras
diárias. Antevi o desastre.
Há quase uma década, seguindo a cartilha histórica dos péssimos
governantes que tentam satisfazer os anseios populares enganando com manobras
ilusórias, há muito celebrizadas, por demais conhecidas e adotadas pelos
caudilhos inescrupulosos intituladas de “pão e circo”, um presidente falastrão,
de hábitos libidinosos, inconsequentes e etílicos, megalomaníaco ao extremo,
comprou a peso de ouro (recursos que não lhe pertencia) duas imensas e
desnecessárias farras esportivas que ocorreriam em futuro próximo – em dois mil e quatorze e dois mil e
dezesseis, para ser mais exato.
Assim como os imperadores romanos nos primórdios do cristianismo,
déspotas que construíram suntuosas arenas para divertir a populaça à custa do
sangue de muitos inocentes, imolados naqueles antros de perversão, sessões de
tara coletiva regada a muito vinho e fanfarras, o nosso leviano representante
foi até “Olimpo” da FIFA e do COI e, ofereceu o corpo e a alma da Nação, em
troca da escolha destes dois eventos nas terras da nossa Pátria tão sofrida, de
um povo tão inculto que, logo aos
primeiros momentos aplaudiu tamanha sandice, sem dar-se conta do desastre que
secundaria o começo desta aventura. Tamanho foi o imbróglio perpetrado por
aquele mandrião, que isentou, servilmente, àquela entidade internacional de
recolher os devidos impostos sobre os ganhos adquiridos com todo tipo de
“negócios” no nosso “terreiro”, durante o período no qual ocorreriam os citados
jogos. Em nenhum país do mundo, nos quais ocorreu este evento, encontraram este
gracioso tipo de benesse. Nenhuma republiqueta permitiria esse enorme disparate
administrativo. Nosso povo, anestesiado com uma esmola oficial como a do “bolsa
família”, bobo e desinformado,
incontinente engoliu o engodo. Fez-se “quizumba” com o dinheiro público. Também
à custa o empobrecido erário, aquele apedeuta projetou e iniciou a construção das suntuosíssimas arenas, na
sua grande maioria, desnecessárias, manobra que beneficiaria construtores
apaniguados e contribuintes do seu partido político, ninho gerador da mais
baixa rapinagem aos recursos da nossa vilipendiada Nação.
Isto tudo na confiança excessiva que o nosso selecionado - time de
futebol - penta campeão mundial, ganharia, de barbada, uma copa realizada no
nosso território, auferindo-lhes dividendos políticos inimagináveis,
mantendo-os, desta forma, eternamente no poder. Na euforia dos primeiros dias,
aproveitou o momento favorável e elegeu um poste – Dilma Roussef – para
substituí-lo, assim atapetando o momento da sua volta ao posto de mando. Tudo
bem planejadinho!...
Assim não quis o acaso... E mesmo tendo custado vidas e sofrimento da
parcela mais sofrida da nossa gente, descaracterizando-nos como seres humanos
por vários anos, e muito mais, sabe-se quanto..., caprichosamente, no dia
08/07/2013, sofremos uma derrota humilhante, vergonha que nenhum dos mais
humildes torcedores brasileiros imaginaria que viesse a acontecer. Pois
aconteceu! Ante uma Alemanha organizada e obstinada, país culto e próspero, que
já pagou um preço muito alto por acreditar nas leviandades de um lunático,
juntou os cacos daquela derrocada e construiu o país dos sonhos de muitos.
Esperamos que, aqui tenhamos também o discernimento de expurgar esta
choldra de bandidos, que malsinadamente, para nós, se nos acometeu. O futebol
foi só um aviso... Virão os jogos olímpicos e a catástrofe poderá ser ainda
maior.
Ui!... Que medo! Melhor chorar na cama.
Natal-RN, 09 de julho de 2014.
Gibson Azevedo – poeta brasileiro.