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A natureza forjava estes homens. |
Neste dia 26 de março de 2015,
passando em revista rápida pelas redes sociais,
eis que vejo os três primeiros versos de um poema sobre a Natal de
antigamente. Fiquei surpreso com o meu comportamento ante àquelas partículas de
um poema, que não se nos aparecia por inteiro. Não me contive: apertei no “ver
mais” e deparei-me com o grande poeta Esmeraldo Siqueira, que conheci através
do seu filho, o meu compadre Justiniano Siqueira (Mano). Ele, já em idade
avançada, mas, ainda muito incisivo no seu jeito áspero de pensar. Era um homem
duríssimo. No entanto, um ente muito justo
e caridoso sempre assistindo aos mais necessitados. Ele e sua esposa, D. Iris, mantinham relacionamento
anônimo com algumas famílias carentes do Morro de Mãe Luíza, sempre lhes
chegando com alguns gêneros de primeiras necessidades. Cheguei a testemunhar algumas vezes esta espontânea
bizarria do casal.
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Esmerado, como grande orador, discursava para amigos... |
Pois bem, este vate de poesia
ácida, por vezes ferina, foi até agora ignorado pelo grande publico literário
de sua terra. Oportunamente vaticinou: - Natal não consagra nem “desconsagra”
ninguém!
Como veremos, este isolamento inicial dos pseudo eruditos em nada o diminui,
pois com o passar dos anos sua importância literária cresce, e crescerá como
cresceu o valor de Augusto dos Anjos, que até após a sua morte era considerado
um poeta maldito; ao contrário de um Olavo Bilac que era considerado o “príncipe
dos poetas”. Hoje, décadas passadas, Augusto é muito mais estudado e apreciado
do que, o outrora festejado, Olavo. Assim mesmo deverá ocorrer com o grande
Esmeraldo, pelo simples motivo: ele, quando inspirou-se na concepção dos seus
alumbramentos poéticos - sempre fiel às suas musas - nunca procurou agradar a
quem quer que fosse. Sua poesia surgia limpa. Áspera, por vezes, mas nunca servil,
sem pieguices.
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Algumas trovas fantásticas. |
Natal haverá de render melhores
louvores a este HOMEM. Quem viver verá!
(Gibson Azevedo - Natal-RN , 26/03/2015).
Natal antiga
A Natal que eu amei não mais existe.
Era pobre, era humilde, era singela.
Recordo tudo ainda... E como é triste
A saudade que estou sentindo dela!
Visões celestiais da meninice
Devaneios febris da mocidade,
Ressurgem-me na ingênua garridice
Desse viver antigo da cidade.
Passava mansamente cada dia.
O tempo não mudava, e ainda havia
Que às maneiras d’agora semelhasse.
A própria natureza era serena,
Nossa existência transcorria amena
Como um sonho que nunca acabasse.
Esmeraldo
Siqueira