terça-feira, 14 de maio de 2013

Temporada das xananas


                                                           Temporada das xananas       

                              
                      Neste período de começo de inverno, com algumas pouco usuais friagens noturnas e erráticas pancadas de chuvas, neste clima pouco mudado que mal percebemos-lhe a diferença, assim mesmo uma florzinha eterna companheira dos bêbados e mendigos, ornamento natural dos deserdados da sorte e que na rua dormem e vivem, apesar de florir o ano todo, é neste momento do tempo que ela floresce com todo vigor e beleza, a saudar as manhãs da nossa cidade doando-nos, na sua simplicidade de planta rústica, todo um espetáculo particular no esplendor de bondade que a natureza nos confere. 
 
A xanana não tem o cheiro das flores cultivadas.
                           Assim como o maior poeta francês, François Villion, cognominado de poeta dos ladrões, dos mendigos, dos bêbados e das prostitutas, as xananas (nós os poeta preferimos grafá-la com “X” ao invés de com “CH” com manda o bom vernáculo. É mais charmoso...) também escolheram este público alvo, para com a sua beleza mais que natural, mesmo sem cheiro algum, enfeitar o repouso destes deserdados do destino, pessoas de viver errático, de sobrevivência empírica sem a fortuna como companheira. Ali nos cantos de calçadas, nos canteiros mal cuidados das ruas, nos lugares mais improváveis, elas florescem em todo seu esplendor para dar um pouco de estímulo, de alegria às vidas destes desterrados, pessoas desprovidas das coisas básicas mesmo vivendo no seu próprio país. 
 
Xanana esbanjando beleza.
                       As xananas, dentro de sua tenaz resistência, sendo exemplo vivo da luta pela sobrevivência, são arautos de esperanças, bem-vindas em todas as manhãs, pois abrem-se ao nascer do sol e fecham suas pétalas por volta de onze e trinta, já pertinho do meio dia.  Elas também convivem com os pardais, vagabundos alados, pouco canoros, de canto pouco apreciado e que também tem o mesmo costume dos cães vadios, de sobrevivência parecida, que por vezes procuram comida nos depósitos de lixo. Estas florzinhas também lhes enfeitam a vida...
 
Xananas na exuberância magna de "rainha dos canteiros" que dividem o asfalto das ruas.
                         
Nesta época do ano, vemos a sua floração aparecer com toda a força deste espetáculo natural. Como digo muitas vezes, ao deparar-me com inúmeros detalhes da criação Divina,  proclamo a plenos pulmões:
                                Viva à vida! Viva a Deus!...

 Natal-RN, 14 de maio de 2013.
  Gibson Azevedo – poeta.

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