Como é bom e prazeroso ler com minudências e
atento aos detalhes de uma memória privilegiada como a do amigo Manoel de
Medeiros Britto, que mesmo sendo um nonagenário não perdeu-se nas curvas do
tempo, mantendo cuidadosamente vivas estas preciosidades nas suas lembranças de
um homem maduro. Fatos importantes, assim como os corriqueiros, mantiveram-se com
intensa vivacidade no recordo deste admirável ser humano. As imagens, os fatos,
chegam-lhes como se os quartéis do tempo não já houvessem ocorridos. Alguns há
várias décadas. Não são clarões fugazes, como pequenos lembretes que acontecem
por acaso, e sim, imagens contínuas que peremptoriamente brotam quando se fazem
necessárias, destas reminiscências tão agradáveis que Manuel decidiu
publicá-las.
Cuido que o amigo relutou muito em torna-las públicas, com receio
talvez de ser confundido com figuras menores, tão comuns na nossa província -
esnobes e pedantes, às escâncaras. Sei que hesitou em documentar os seus tão
conhecidos e apreciados dizeres. Eu sou daqueles que o incentivaram, por alguns
anos, no lançamento deste inestimável livro de memórias, já que o Doutor Manoel
sempre esteve presente aos principais fatos políticos de nosso Estado e alguns
no âmbito federal, como se, a Providência sabedora da capacidade de memorização
deste seu filho iluminado, não o privou de presenciar por várias décadas
acontecimentos importantes, e, deles, participar ativamente como é dever de
todo homem público. Sempre que encontrava alguém da sua família, brincava
perguntando: - e o lançamento do livro,
quando é? Esse negócio é de rôsca? (Assim, deste modo, perguntavam antigamente
os nossos conterrâneos seridoenses quando se deparavam com atitudes ou projetos
que não tinham fim e que, evidentemente, nunca eram concluídos). Finalmente,
depois de alguns percalços, aquela demora julgo que ocorria por conta do
caráter perfeccionista que o acompanhou por toda sua vida, nas muitas funções
públicas e privadas que assumiu. E para satisfazer o nosso interesse, e empenho
público, eis que temos em mãos o exemplar de “Tempos Marcantes”, documento
inconteste do viver republicano do nosso povo. Bravos Manoel! O seu livro é uma
joia rara! Destes que persigna qualquer
estante de livros dedicados e história universal, tornando-a fonte de pesquisa
para qualquer interessado em sorver conhecimento sério sobre a vida pública deste
citado período republicano.
Felizardo
sou, em ter recebido de vossas mãos esta relíquia da nossa literatura. Vale a pena folhear com cuidados os seus
argumentos sobre nossa história contemporânea.
Agradecido estou, Doutor Manoel de Medeiros Brito. Ah! Se estou! ...
Natal-RN, 25
de outubro de 2022
Gibson
Azevedo da Costa.
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