sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O militante Solino

Alguns natalenses, notadamente os que moram ou frequentam o centro da cidade, podem casualmente ter conhecido o militante por vocação que atende pelo nome de "Solino". Esse personagem, tornou-se conhecido desde as primeiras greves que eclodiram depois de queda do regime militar(durante o longo mandato do Presidente Sarnei). Ora! quem não lembra das persistentes, periódicas e abusivas greves dos bancários, acontecidas naqueles primeiros anos, ditos, da redemocratização do país? Ocorreram muitas, e não só as dos bancários; que antipaticamente paralisava o país, como também desencadeou uma ciranda de umas tantas outras, que vieram a reboque daquele primeiro grande movimento grevista de paralisação geral da nação. Para a partir daí, galoparem - os demais sindicatos -, irresponsavelmente, na moda das reivindicações e do protesto, contra uns resquícios de lixo autoritário que teimava em permanecer em voga. Resultado: somaram-se perdas de ambos os lados no rescaldo destes movimentos(fechamento de banco ou de agências bancárias, mecanização e automação dos serviços bancários, proibição de horas extras, etc.), só para citar alguns motivos que sobraram na diminuição dos postos de trabalho e o consequente empobrecimento da classe trabalhadora.
Naquele caldeirão de efervescência reividicatória, mesmo sem ter trabalho, ou seja sem pertencer a sindicato nenhum, como se fosse um "papagaio de pirata", esbarrávamos com a presença de Solino. Greves de motoristas - mesmo sem saber dirigir -, de garis, de professores, de profissionais de saúde, etc, lá estava Solino com sua bandeira vermelha de um Partido de "extremíssima" esquerda. Por isto mesmo, nunca teve tempo de trabalhar. Nunca teve ofício certo, sempre sobrevivendo da ajuda e cooperação dos conhecidos. Ainda hoje é assim que ele vive: bolsa enorme - de panfletangem - a tiracolo, bandeirão ao ombro e muita conversa mole. Toda eleição para a renovação da Câmara Municipal, lá estava o nome dele para ser apreciado pela população do município. Este ano, ao que parece, não conseguiu legenda para candidatar-se à uma cadeira naquele parlamento. Muito embora, antes das convenções dos Partidos, andasse garimpando votos nos principais antros da boemia da nossa cidade. E num destes périplos eleitoreiros, pousou com todos os seus apetrechos no Bar de Mário Barbosa, tradicional boteco situado no provinciano bairro Barro Vermelho. Lá chegando, descolou algumas doses de bebida, conversou, descontraiu-se; ao ponto de às tantas, bastante relaxado, soltar, sem perceber, uma furtiva "bufa" que foi motivo de ruidosa reclamação dos pinguços indignados. Eu, que me encontrava por trás do citado indivíduo, quase morro sufocado.
Bem, este episódio rendeu-me um mote que, prazerosamente, glosei:

Mote:
A bufa de Sêu Solino
Quase mata este poeta.

Glosa:
Revirou no intestino,
Sacolejou na gaiteira,
E escapou sorrateira...
A bufa de Sêu Solino,
É gás de raro refino,
Que a todo mundo afeta...
Solino com a bunda ereta,
- No garimpo da eleição -,
Queimou um "peido-alemão":
Quase mata este poeta!


Natal-RN,26/Set./2008.
Gibson Azevedo ( Poeta )

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