sábado, 20 de dezembro de 2008

Perplexidade


Estou perplexo! O que estará ocorrendo com o nosso Correio? Fica esta pergunta no ar... Não encontrando resposta, lembro-me de uma época quando este serviço essencial tinha lá os seus atrativos e confiabilidade. Está tudo muito mudado neste mundo de meu Deus... O nosso serviço postal, desde priscas eras, sempre foi tido como jóia rara em meio a um mar de incompetência dos demais serviços básicos oferecidos à nossa população. Tenho motivos para desconfiar que a busca da perfeição não seja mais regra, e sim a exceção, no labor dos dias atuais naquela tão importante instituição. * * *
Na década de sessenta, no começinho, costumava observar meu avô paterno exercendo um dos seus costumes de homem feito, que depois, passado alguns anos, eu mesmo o adotaria no meu rol de manias. Ele tinha o costume de, todos os anos na segunda metade do mês novembro, sentar-se à mesa da sala com uma quantidade enorme de cartões de Boas Festas e, pacientemente, endereçava-os às pessoas da sua estima, do seu bem querer. Curioso, eu perguntava: Vovô! Pra quem o Sr. envia todos esses cartões? Pras pessoas que eu conheço e que estimo – dizia ele. Mas, são tantos assim? - Insistia na pergunta. São; e infelizmente não tenho condições de postar cartões para mais algumas criaturas quais devo atenção. Estes aqui, por exemplo, vão para a cidade de Américo Brasiliense em São Paulo, onde morei, ainda jovem, com minha família. Isso foi nos anos 30; Américo Brasiliense pertencia à cidade de Araraquara. Lá, deixei muitos amigos. Inclusive, o atual Prefeito é meu compadre e amigo. Alguns dos seus tios nasceram lá – comentava com orgulho, aquele homem simples que havia participado da revolução constitucionalista naqueles dias idos. Herdei sem formal de partilha, involuntariamente, este hábito salutar..., e com rigor, ao aproximarem-se os dias das festas natalinas, cá estou, cumprindo o mesmo ritual. Dá-me prazer, sinto orgulho, lembro-me dele e tenho saudades. Fazer o que? É a vida se modificando na sua substituição natural. * * *
Como disse, herdei este hábito; e todos os anos ao aproximarem-se as festas natalinas, de posse de um calhamaço de cartões e envelopes, envio cerca de 70 mensagens às pessoas mais chegadas, com as quais tenho a honra de privar da amizade. Este ano aconteceu uma coisa inusitada: Postei todos os cartões e fiquei aguardando respostas. Qual não foi a minha surpresa, quando chegou à minha residência um destes envelopes destinado a um dileto amigo de tantos anos. Voltei à agência do Correio fiz uma justa reclamação... A jovem que me atendeu, pediu-me inúmeras desculpas; alegando como motivo para o grosseiro erro, o fato de nesta época do ano, o tráfego de correspondências ser muito intenso, etc., etc. Lá se foi, novamente, o desgarrado envelope que agora iria atingir o seu objetivo. Assim esperávamos...
Passados alguns dias, ei-lo novamente na caixa postal da minha residência, tinhoso e renitente na teimosia em me auto felicitar. Voltei à mesma “baiúca” do Correio, tive um pequeno arranca-rabo com a mesma funcionária, que me garantiu que esta falha não mais aconteceria. Desta vez eu, incauto, acreditei! Julguei o caso resolvido.
Aconteceu, creiam-me os senhores, passado uma meia semana, lá se vem o birrento envelope bater descaradamente à minha porta. Resultado: meu pai sempre me diz, “que se você quiser um trabalho bem feito, faça-o você mesmo”. E foi o que eu fiz: peguei o meu carro, dirigi alguns quilômetros, e, entreguei o cartão “João teimoso”, em mãos do meu estimado amigo, que, ao saber dos meandros desta bizarra estória, não conteve uma sonora e sincera gargalhada.
Bem, ao fim desta, deduzi que o nosso Correio degenerou-se, apequenou-se, amancebou-se... Oraaa!!...

Natal-RN, 19 / Dezembro/ 2008.
Gibson Azevedo da Costa
PS. : E não é, que não foi só esse caso?... Hoje, dia 02 de janeiro de2009, estando eu no surpermercado, dou de cara com um primo e amigo das antigas; e na certeza dele haver mudado de enderêço, justifiquei-me: primo, postei um cartãozinho para você e sua família, e o mesmo voltou com o carimbo de enderêço desconhecido..., voçês mudaram de residência? Pasmem os senhores: faz mais de dez anos que ele mora no mesmo apartamento. Assegurou-me, com firmeza, o primo "velho de guerra". Venho postando, costumeiramente, correspondências à sua morada há vários anos. Com isto, reforça-se a minha disconfiança: Os Correios e telégrafos adqueriram péssimos cacoetes e abarrotaram-se com vícios lupanares... Amancebaram-se!...

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