terça-feira, 23 de outubro de 2012

Dialetos, mudanças e corruptelas(parte II)



                                    Apesar de sermos mutantes por natureza, seria realmente necessário chegarmos ao rés de chão?...
                                     Almoçava Renato Caldas, no pino do meio dia, numa segunda feira ensolarada – já distante algumas décadas – no vale do Açu, momento no qual também ouvia o seu programa radiofônico favorito: “O corruchiado de João Machado”. Este era um programa esportivo onde o Dr. João Cláudio de Vasconcelos Machado – Presidente da Federação Norteriograndense de Futebol, bacharel em Direito formado em Londres, funcionário público e jornalista por adoção – conduzia, com grande sucesso, uma espécie de resenha esportiva com muita irreverência e picardia. Ali, mandavam-se recados para as liga interioranas de futebol amador, marcando datas dos jogos e até rachões de várzeas, nos quais se comunicava, antecipadamente, o preço das senhas e o local das tradicionais feijoadas, que se sucediam aos citados rachões. Havia também, recados marcando batizados de crianças, alertando-se aos padrinhos das suas imprescindíveis presenças, e, notícias de algumas singelas efemérides, etc., etc., etc. Por fim, notícias do incipiente futebol profissional da nossa capital.
Dr João Machado
                                         Nos comentários Machado evidenciava, com ênfase, os aspectos técnicos, contusões, contratações e também dava opinião sobre as arbitragens. Apesar de bem humorado era, um homem extremamente sério, duma honradez a toda prova. Jamais se ouviu o mais tênue comentário com o seu nome envolvido em “coisas mal havidas”. Jamais! Entretanto, no domingo anterior àquela segunda feira, o Estádio Juvenal Lamartine havia sido palco de um acirrado clássico de futebol, envolvendo os dois times de maiores torcidas da nossa cidade, à época ainda muito provinciana. Naquele ABC x América, houvera toda sorte de irregularidade, que contaram com o beneplácito aval do árbitro da partida: pênaltis inexistentes e outros não marcados; gols mal anulados; outros validados em total impedimento; gol de mão e discutíveis expulsões, etc., tudo isto, “sua excelência” usou, para acomodar um confortável resultado que não comprometesse a sua integridade física.
                                        Desnecessário é, dizer que aquela resenha realizou-se em clima de conhecido tumulto entre os torcedores; que se sentiam lesados por uma arbitragem que entendiam parcial e, desonestamente, excedera os limites da rapinagem. Não se conformavam com o fato do Presidente da Federação encontrar-se nas dependências do estádio, assistindo ao jogo na Tribuna de Honra e, não tomar nenhuma atitude contra aquele vergonhoso imbróglio...


                                  Natal-RN 23 de outubro de 2012.
                                       Gibson Azevedo - poeta

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...