segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Chegada da primavera.



                     Neste dia no qual dar-se o início da primavera, que no latim significa “primeiro verão”, e que na maioria das regiões da terra caracteriza-se por ser a estação climática de uma estonteante beleza, pela profusão das cores inerentes a floração, como também o seu perfume, com o qual a natureza atrai os insetos, para, inconscientes, colaborarem na transferência de polens, inoculando-as e viabilizando  a possibilidades de novos e fartos frutos.  É a natureza...
               Quero, no entanto, lembrar, que nós do nordeste brasileiro não temos muito que comemorarmos nesta primavera. Estamos contando os dias para que estes verões se vão rapidamente e, com a chegada do outono, os céus, nas suas nuvens, nos tragam o pranto dos animais que pereceram nesta angustiante estiagem, em forma de chuvas francas que ajuntem água e criem possibilidades de novas vidas. Possa então a  esperança , esta, semi morta, assim como uma fênix, ressurgir das cinzas do inferno no qual tornou-se o nosso sertão. E que venham à primavera..., o verão, mas que não nos neguem as águas do outono redentor na nossa sofrida região.
                       Faço aqui uma reflexão, em versos, de mais esta tragédia nordestina, através de um mote de um poeta popular Geraldo Amâncio, e que foi versejado pelo poeta e amigo Jesus de Rita De Miúdo.
                    
Quem passar no sertão corre com medo
Das caveiras dos bois que a seca mata!
(Mote dado por Geraldo Amâncio)

Na porteira o chiado está mais triste
O chocalho não tem voz, está calado
O gibão, coitadinho, abandonado
Só se apega a saudade que existe
O acauã, bem magrinho, ainda insiste
Agourando a má sorte, vida ingrata
Toda cinza a caatinga, assim retrata
Falta de chuva, e nesse pobre desenredo
Quem passar no sertão corre com medo
Das caveiras dos bois que a seca mata!

Sob o pé do mourão um vira-lata
Moribundo, olho, pelo, carne e osso
Já não tem mais nem força no pescoço
Sem lutar, pois a vida lhe maltrata
E sob o choro, feito aboio, da beata
Vai morrendo num buraco desde cedo
Quem passar no sertão corre com medo
Das caveiras dos bois que a seca mata!

(Jesus de Rita de Miúdo)

                 Dirigi-me ao Jesus desta forma:
                
                 Miudim!  Aproveitei o mote em decassílabo do supracitado poeta, não me contendo, tasquei o meu bedelho em forma de glosa, sobre esta trágica realidade da nossa querida região. Desculpe-me a intromissão.

Mote:
Quem passar pelo sertão corre com medo
Das caveiras dos bois que a seca mata.
Glosa:
Somos parte da tragédia e seu brinquedo,
Onde a flora e a fauna sucumbiram,
E os bons ares, se há muito que partiram,
Quem passar pelo sertão corre com medo...
Desta peça natural e o seu enredo,
Neste palco do inferno em duplicata,
Onde vemos a miséria, essa insensata...
O cenário medonho e cadavérico,
Terrificante, dantesco e homérico,
Das caveiras dos bois que seca mata!


Natal-RN, 12 de setembro de 2013.
Gibson Azevedo – poeta.

4 comentários:

Poeta do Penedo disse...

Muito curioso, meu caríssimo amigo: é que, há quatro dias, no dia 21 de Setembro de 2013, neste Portugal, se deu início ao Outono. Coisas de latitudes. Por aqui hão-de passar seis meses até que a Primavera regresse. Resta saber em que estado virá ela encontrar este Portugal sofredor.
Um grande abraço.

Poeta do Penedo disse...

Muito curioso, meu caríssimo amigo: é que, há quatro dias, no dia 21 de Setembro de 2013, neste Portugal, se deu início ao Outono. Coisas de latitudes. Por aqui hão-de passar seis meses até que a Primavera regresse. Resta saber em que estado virá ela encontrar este Portugal sofredor.
Um grande abraço.

Poeta do Penedo disse...

Muito curioso, meu caríssimo amigo: é que, há quatro dias, no dia 21 de Setembro de 2013, neste Portugal, se deu início ao Outono. Coisas de latitudes. Por aqui hão-de passar seis meses até que a Primavera regresse. Resta saber em que estado virá ela encontrar este Portugal sofredor.
Um grande abraço.

Gibson Azevedo disse...

Meu caro Jorge, havera os portugueses de viverem melhores dias na próxima primavera
Comprovaremos isto com muito gosto. Um forte abraço deste seu amigo.

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