sexta-feira, 7 de novembro de 2014
Ao colher a flor do sertão...
Flor do sertão.
O meu amigo e compadre Justiniano Siqueira, já falecido, mostrou-me certa feita, uma ideia de poesia e pediu-me o obséquio de, em parceria com ele, concluí-la, chegarmos a um bom termo. Deixou-me muito feliz aquele convite, vez que, sou sertanejo e amo minhas origens, e, as marchas e contramarchas deste folheto dão-se, da parte de personagens das paragens campesinas, das casas de pau-a-pique ou tijolos de terracota. Deste pacto de amigos, resultaram os rabiscos abaixo:
Flor do sertão
Menina dos pés descalços...
Linda flor do meu sertão...
Duas tranças no cabelo
- Remate de laços,
Enfeites do mato -
A correr pelo sertão...
É bom poder sentir num forte abraço,
O bater pronto, apressado,
E esse quase cansaço
Do seu impulsivo coração...
Menina com os pés no chão.
Menina dos pés descalços...
Teu corpo suado e moreno
Meu sonho, minha ilusão
De lábios grossos, vermelhos em carmim,
Que disseram para mim:
Sou a sua perdição...
Divina desde então,
Menina com os pés no chão.
Menina dos pés descalços...
De saia solta, rendada,
Que ao girar deixa a mostras
Formidável balaustre - pernas grossas -,
Seus pés, vermelhos de barro,
Pisam plantinhas no chão.
Ôôôô, mundão!...
Tu és boneca e mulher, és encantada.
Respondes pra mim, oh amada!...
Rogo enfim:
Digas que sim
E nunca me digas não!...
Menina com os pés no chão...
Natal, 31 de maio de 2011.
Justiniano Siqueira
e
Gibson Azevedo
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2 comentários:
Meu caro Gibson, este seu belíssimo poema fez-me lembrar um outro, que já tem alguns anitos:
«Leonor, pela verdura
vai formosa e não segura...»
Luís Vaz de Camões
Mantenha essa alma sempre desperta, que é muito bela.
Um abraço lustano
Bondade sua, caríssimo Jorge, com a audácia destes amigos e compadres.
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