terça-feira, 28 de outubro de 2008

Martelo marcado - destroço difícil

Foi do acaso ou por culpa da má sina,
Ou talvez os caprichos de um mau fado,
Que Giovani, foi colher o resultado,
Num porre aloprado no bar da esquina.
O tal “causo” ocorreu lá na cantina
- Num lugar de bebidas e alterações,
De muita roedeira e vis ilusões -;
No tal botequim do BarroVermelho,
“Borrachos", pinguços, que até tem "Conselho"
Com brigas, disputas e até eleições...

Cheirou, degustou, toda àquela bebida.
Que foi destilada, em algum brejo imundo,
Bebeu, emborcou, engoliu num segundo,
Sem nada comer, a cachaça servida.
Topou sem querer nos percalços da vida,
Sentiu uma vertigem quando foi mijar ...
Com a vista rodando e a barriga a roncar...,
Agachou-se no chão, despencou por inteiro...
Tirou uma madorna, dormiu no banheiro,
Roncando e babando, até se engasgar.


Na noite, já tarde, o boteco fechou,
De sono ferrado na poça de urina,
No forte fedor, que o "migué" determina,
Assustado, suado, Giovani acordou.
Revirou à lembrança, mas ela empacou:
Pois nada se via, do escuro onde estava,
- "Credo cruz!"-, do Capeta lembrava.
- "Será qu'eu morri?"-, agarrou-se a pensar...
- "Ô sina medonha, alguém me enterrar!"
-Borrado de medo, a língua enrolava...

Naquela conduta, criou um berreiro!
Abriu latomia, com muito alarido,
Zoada daquelas, jamais tinha havido,
Chorava e urrava, de lá do banheiro.
E meio ao vexame, apalpou por inteiro,
Olhou o dinheiro, se tinham levado...,
Com muita zonzeira, olhou apressado,
Com muito cuidado, um "pertence" de Ouro...
Mexeu com o dedo no anel de couro,
Pra ver se, sem ordem, o haviam usado!

Saiu do banheiro, com tudo apagado,
Tombando, sonado, topando com tudo:
Em copos, garrafas, em porta-canudo;
A cada passada, mais "terém" quebrado,
Que no inventário foi tudo anotado:
Montila, conhaque, cachaça e cinzanos.
Biscoito, banana, rapa-coco e abanos,
Iogurte, cocada, tanjal, espumante,
Sukita, grapette, fratelle e frizante,
E vários whisks, de até doze anos!!

Naquela bagunça, no caos instalado,
De tanto "me acuda!", alguém acudiu:
"É bebo?" "Não!, é a puta. que o pariu!"
-Responde, o fuleiro, já muito irritado.
“Pegando o beco”, sumiu apressado...
Em casa, proseia: coisa e loisa, dar fé;
Contando à estória pra sua mulher,
Que ouvia, de garra, com uma mão de pilão:
"Ah! Sô Jovane !!! eu num sou besta, não!"
"Cê tava, na Zona, no mêi da ralé!!!

Natal-RN, 27/Janeiro/2005
Gibson Azevedo da Costa - poeta

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...